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Passo a passo, a vontade de falar foi andando sozinha naquela estrada, aquela em que eu decidi parar ao teu lado.
Fiquei muda, as palavras foram-se engasgando na garganta, deixaram lá um nó asfixiante e as lágrimas foram escorrendo por ali, sem saberem o que fazer. No meio daquele meu egocentrismo todo perdi a capacidade de ouvir. E foste tu quem mais se magoou com isso. Foi a ti que eu não ouvi, a ti que eu não disse o que se passava.
Foi um beijo meu que te fez parar também a meio da estrada, mas tu não soubeste desviar-te do turbilhão de sentimentos que vinha a correr atrás de nós foi um olhar meu que te fez pensar que talvez não fosse mau deixares-te levar assim naquela corrente interminável.
Só aí fui capaz de ver… tu já lá ias, com um sorriso de quem se deixa levar no embalo dos sentidos, e eu fiquei, com a boca amarga por te ter deixado ir.
Voltei à estrada, voltei a caminhar devagarinho, com medo de pisar alguma das minhas palavras, que entretanto ia apanhando pelo caminho.
Fui atrás de ti, cautelosa, mansamente deixei que a minha mão procurasse a tua, e tentei curar-te as feridas latejantes. Dei-te o espaço, dei-te o tempo… infelizmente não consegui dar-te o sossego.
Recrimino-me mais uma vez por ser assim. Nem só por ti correram as minhas lágrimas, e mesmo assim deixei-te vê-las, sem conseguir realmente explicar o que se passava. Deixei-te afagar-me o cabelo, e preocupares-te comigo mais uma vez… fui eu que deixei. Fui eu… sempre fui eu. Eu… palavrinha irritante, de olhos escuros e cabelos compridos… eu! Palavra quieta e observadora… eu, a mais egocêntrica das palavras na sua forma mais tímida. Eu!!!!! Eu… eu? Eu nada.
Tu. Tu sim, vales todas as palavras. Mesmo que entre nós nunca haja o que sonhaste, mesmo que apenas a amizade prevaleça, ou ainda que ela resvale por uma valeta qualquer, saberemos sempre que deste o máximo, e fui eu (palavrinha egoísta), que não consegui fazer aquele esforço extra.