sexta-feira, dezembro 30, 2005

o último post...

... do ano!

E de novo me pergunto. Pergunto apenas, nada demais, e a resposta é irrelevante, o que importa são as perguntas. Apenas porque sou apaixonada por um ponto de interrogação, e ao fim de cada pergunta espero sempre que ele lá esteja... mas até hoje nada! Apenas as perguntas que vão ficando abandonadas nas folhas de papel, e os pontos lá pregados, um a um, desiludidos porque eu os chamei e nem fiquei para ouvir a resposta.

segunda-feira, dezembro 26, 2005

L'Equilibrista

"come'è diverso il mondo
visto da qui
sopra un filo immaginario
nel silenzio che c'è
attraverserò l'immenso
che ho davanti a me
ali nel vento
per volare non ho
sfiderò nell'aria
la forza della mia gravità
muoverò le braccia aperte
nell'infinità del blu...

com'è lontano il mondo
visto da quassù
dimenticando il grande vuoto
intorno a me
senza mai voltarmi indietro
me ne andrò... da qui
la strada del mio cuore
io ritroverò
in equilibrio fino
in fondo arriverò
dove si respira liberi

è la vertigine
più grande che c'è
stare qui sospeso e
sentire questa vita com'è
giocoliere di me stesso
io volteggerò... nel blu

com'è vicino il cielo
visto da quassù
dimenticando il grande
vuoto dentro me
senza mai voltarmi indietro
me ne andrò... da qui

la strada del mio cuore
io ritroverò
in equilibrio fino
in fondo arriverò
da solo dentro il blu
da solo senza mai
cadere giù... mai più...

senza mai voltarmi indietro
me ne andrò... da qui

vivrò sul filo
della provvisorietà
l'equilibrista non si chiede
mai cos'è la stabilità
vive l'illusione e la realtà

com'è diverso il mondo
visto da qui"


Eros Ramazotti - L'Equilibrista

terça-feira, dezembro 20, 2005

... sei ...


Sei que uma ida à igreja não vai fazer do mundo um sítio melhor, e por isso não vou lá.

Sei que um pensamento sádico não faz do mundo um sítio pior, e por isso permito-me tê-los, de cada vez que isso me afaste de algum modo da dor ou do sofrimento que é a realidade.

Sei que as pessoas que mais amamos, são por vezes as que menos merecem esse amor.

Sei que o que mais queremos esquecer, é o que nos vai ficar na memória por mais tempo.

Sei que metade de mim cresceu depressa demais, e que a outra metade nunca irá crescer.

Sei que tenho medos a mais, e que eles me levam a ter demasiadas atitudes precipitadas.

Sei que… continuo a deixar demasiadas frases por dizer, continuam a haver demasiados parêntesis, demasiadas quebras no raciocínio, demasiado de mim em tão poucas palavras, que no entanto nunca são suficientes para mostrar algo que devia ser tão simples.


segunda-feira, novembro 28, 2005


"Como a peça de um puzzle que teima em não encaixar em lado nenhum. Isolada comigo mesma, não importa para que lado me vire, apenas encontro mais espaços vazios. Não há amigos ou família que me valham, porque também aí nunca encaixei.
A solidão não me incomoda, nunca me incomodou. As refeições sozinha também não. Apenas começam a pesar as lágrimas que guardei nos bolsos, e as palavras que escolhi nunca dizer. Pesam as toneladas de sentimentos que nunca demonstrei, pesam os problemas que guardei para mim mesma. As preocupações, os medos, as euforias contidas. Pesa-me a minha própria sombra…
Sinto o coração a diminuir de tamanho, as dores dos outros começam a deixar de me preocupar, à medida que vou sendo atropelada pela realidade da minha própria vida. Vida que não é vida, nunca foi. São passos mecânicos que vou dando ao longo do tempo, sem sequer me aperceber deles, tudo o que eu sou, o que eu fui, as metas, os desejos, eu mesma, a pessoa que gostava de ser, tudo isso ficou cá dentro, pura e simplesmente porque não se encaixava lá fora. E eu nunca quis ter que forçar-me a encaixar em lado nenhum.
Continuo à deriva por aí. Sorriso de plástico colado no rosto, observando os outros, dando uma mão quando alguém precisa, mas ao fim do dia regresso ao meu canto. Envolvo-me nas minhas coisas e choro, porque mais uma vez me escondi em mim mesma, pelo bem das aparências, mais uma vez escolhi mostrar apenas o lado bom, pus mãos à obra, e esculpi uma nova pessoa aos olhos do mundo.
Desenhei-a em cima do joelho, contornos bem carregados, interior meio difuso, para ninguém conseguir ver o que lá vai dentro.

Tenho as lágrimas tatuadas no meu rosto, e no entanto ninguém parece dar por elas. O meu único desejo era conseguir desistir, mas não posso. O meu mais alto objectivo, era ser de facto transparente. Sinto-me assim, a cada dia mais, mas continuo a ver o meu reflexo no espelho, continuo a sentir os soluços virem de dentro. As mãos continuam roxas de frio, as faces rubras da raiva de ser assim.

Não pedi a ninguém para nascer. Não há nada que me leve a querer ver mais um dia nascer, sei que o mundo irá continuar sem mim.
Estou demasiado perdida, no labirinto de mim mesma já bati em demasiadas paredes, e em nenhuma delas gritei, porque algures no caminho encontrei uma placa que dizia “Não incomodar”. Eu não incomodo, juro que não. Fico aqui quietinha, e amanhã saio de novo à rua com um sorriso forçado. E no outro dia também, e no outro, e no outro… e no fim, quando eu morrer, as pessoas que ficarem não se hão de recordar do meu nome, serei apenas aquela miúda caladinha que tinha sempre um sorriso nos lábios."
18/11/05

"Era apenas um pedaço de gente, abandonada numa sarjeta de sentimentos. Fizeste-me rainha naquela noite. Disseste-me que devia olhar sempre no fundo dos teus olhos para que pudesses para sempre ver as estrelas que brilhavam nos meus… sempre soube que eram apenas lágrimas, mas naquela noite fizeste-me acreditar que sim, que tudo valia a pena.
Era apenas mais uma miúda tímida, uma sombra de gente que vagueava pela vida sem saber muito bem para onde ir. Fizeste-me acreditar que eu era bela, que para ti, eu era bela.
Era apenas um papel amachucado e deitado fora, mas disseste-me que eu era a mais bela carta de amor que tu jamais descobriras… e eu acreditei. Eu quis acreditar, porque era tão bom sentir-me assim, desejada, bela, sensível… mesmo quando o mundo lá fora me dizia o contrário.
Encostei-me ao teu peito, e senti o teu coração a bater tão descompassado como o meu, pelas tuas faces corriam lágrimas doces, que se misturavam com o sal das minhas. Descodificaste cada pedacinho de mim, sem nunca sequer me chegares a conhecer verdadeiramente.
Sentia-me um cacto cheio de espinhos que mantinha o mundo à distância, mas tu fizeste-me sentir como o mais delicado miosótis do teu jardim. No teu abraço prometeste que estarias lá para sempre, e mesmo sabendo que também tu não tinhas a certeza disso, deixei-me acreditar em tudo o que dizias. Deixei-me enganar de propósito, porque era bom assim. Tu também acreditaste, talvez por ingenuidade, ou apenas porque querias tanto que fosse verdade.
Eu era apenas uma criança, daquelas que cresceu depressa demais, mas que se deixa ser ingénua de vez em quando. Acreditei naquele conto de fadas, e fui tua. O meu corpo tremeu de cada vez que me tocaste, e chorei contigo, e por ti, e para ti.
Eu era, apenas. Tu fizeste-me ser. Abraçaste-me, despiste-me de todos os escudos onde sempre me escondi, e exibiste-me, como numa vingança pessoal. Castigaste o mundo por ele nunca me ter visto como tu me vias, mostraste tudo aquilo em que me tinhas feito acreditar, e depois reclamaste-me para ti.
Foi há tanto tempo… já não sou aquela miúda, e tu já não me abraças. Já não sou papel amachucado, nem carta de amor. Hoje, sou o diário, com folhas de papel reciclado, escrito a tinta permanente. Hoje sei que vou ficar marcada em algumas vidas como tu ficaste na minha…
Hoje aprendi o porquê de dizeres que todas as pessoas têm a capacidade de mudar, mas que às vezes precisam que alguém as ensine…"

3/11/2005

sexta-feira, novembro 11, 2005

Saudade...

Saudade...
dos passos descontraídos na areia molhada,
dos dias sem pressa,
da areia escaldante e das noites longas,
dos risos, das lágrimas e dos pensamentos,
da convivência, da amizade, do carinho,
do esquecer o mundo lá fora, e descobrir o cá de dentro,
de ser feliz com quase nada, mesmo tendo a vda pela frente.

A ti, que lá estiveste em cada momento daqueles dias, e aos que não estiveram, mas que estão hoje aqui, um brinde de sorrisos com lágrimas...

"à saudade, ao sol, e à esperança de que para o ano possamos estar lá de novo!"

domingo, outubro 30, 2005

Para ti... que hoje estás triste


Também eu fui triste um dia. Estava triste porque não sabia estar de outro modo. Habituei-me àquele ciclo de dias negros, mesmo quando o sol brilhava. Habituei-me a não sair da minha pequena concha, a ficar ali quieta, a mostrar-me pequena, fugaz. Para ti, que apenas hoje estás triste, mas que ontem rias com gosto. Não te deixes apanhar nesse ciclo. Não deixes que os teus sorrisos sejam lavados pelas lágrimas. Estar triste, pensativo, distante... por vezes é bom, dá-te tempo para reflectir. Mas ser triste... deixa-te a alma dividida, entre a vontade de deixar de ser assim, e a falta de forças que o hábito nos impõe. Não sejas triste. Sorri para mim de novo. Porque eu, na distância descobri que estou viva, a minha pele transpira com o sol abrasador, e arrepia-se com a brisa da noite. Quando estou nervosa, sinto borboletas no estômago, tremo, e rio-me. Também tu estás vivo. Também sentes, e amas, e ficas nervoso, e arrepias-te. Também vês o belo e o feio. Estamos vivos, e a vida, por mais dura que seja, foi feita para sermos o mais felizes que conseguirmos. Todos os dias criamos expectativas sobre pessoas, situações, filmes... todos os dias há algo que nos desilude, e isso também faz parte da vida. Sorri, sorri para mim, porque se tu sorrires, eu sorrio também, e naquele momento, seremos felizes, apenas por estarmos assim, vivos.

segunda-feira, outubro 10, 2005

Um pouco de céu

Só hoje senti, que o rumo a seguir, levava p’ra longe
Senti que este chão já não tinha espaço p’ra tudo o que foge

Não sei o motivo p’ra ir, só sei que não posso ficar,
Não sei o que vem a seguir, mas quero procurar.

E hoje deixei de tentar erguer os planos de sempre
Aqueles que são p’ra outro amanhã que há de ser diferente

Não quero levar o que dei, talvez nem sequer o que é meu
É que hoje parece bastar, um pouco de céu, um pouco de céu

Um pouco de céu, um pouco de céu.

Só hoje esperei, já sem desespero que a noite caísse
Nenhuma palavra foi hoje diferente do que já se disse

E há uma força a nascer bem dentro no fundo de mim
E há uma força a vencer qualquer outro fim

Não quero levar o que dei, talvez nem sequer o que é meu
É que hoje parece bastar, um pouco de céu, um pouco de céu
Um pouco de céu, um pouco de céu. (3X)

Mafalda Veiga - Um pouco de céu

quinta-feira, outubro 06, 2005

A carta

Tenho uma carta no bolso. Não a meti no correio. Soprei-a num beijo e lancei-a ao vento.
Mas tenho as palavras no bolso, e tu vais tê-las no rosto.
No meu, trago um sorriso que subiu da carta e se colou nos lábios, deixando os olhos brilhantes e os bolsos vazios.

quinta-feira, setembro 22, 2005


Piso a estrada húmida. Oiço o queixume da água debaixo dos meus pés. Sigo em frente, com as mãos nos bolsos, o queixo e o nariz enfiados na gola alta da camisola quentinha. E um sorriso escondido lá no meio...

sexta-feira, setembro 16, 2005

What if...?


--- EDIT ------ O cerne deste post ------ EDIT ---

Estou de partida. Vou estudar para longe...
Não sinto que vá a fugir de nada, nem de ninguém. Acho que na realidade vou só "à procura das saudades que me digam que estou no lugar certo"... sinto-me perdida em mim mesma. Sei quem sou, só não sei quem vou ser no futuro. Estou insegura desta decisão... por outro lado não penso desistir dela, já tomei decisões cheia de certezas, e arrependi-me delas mal tinha acabado de "virar a esquina".
Quando era miúda tive um bote de borracha para duas pessoas, azul e amarelo. Um dia eu estava sozinha lá dentro, e vieram algumas ondas seguidas... tive esta sensação de que o mundo vai acabar e que eu me vou afogar, porue o barco é muito instável, e eu não sei nadar.

Mudo em breve, e ainda não sei se terei acesso fácil à internet... este meu retiro corre o risco de retornar a documentos escondidos numa pasta do meu computador, e um post ocasional nas visitas a casa.
Sinceramente, espero que isso não aconteça, mas se acontecer sei que terei muitas saudades... muitas mesmo.

Um beijo
Drops

terça-feira, setembro 13, 2005

Esperas...

Caminhos cruzam-se, olhares desafiam-se, palavras trocam-se, corpos respondem aos apelos instintivos de animais ditos civilizados. Depertam-se paixões, que acabam em cinzas de incêndios extinguidos num silêncio partilhado.
As pessoas são estranhas. Amam-se, partilham-se em carícias ou intimidades, ou palavras, ou amizades... mas nunca se dão, nunca verdadeiamente. E Quando decidem fazê-lo? Magoam-se... porque a altura nunca é a correcta, ou não o fazem à pessoa correcta, ou não são correspondidas.
Depois vêm os rancores, as pessoas fecham-se em pequenas conchas de madrepérola, e recusam-se a amar de novo. Não se entregam, abdicam da hipótese de serem felizes porque houve alguém que não o quis ser.

As pessoas são estranhas. Eu sou estranha. Tu também deves ser...

Caminhei vezes sem conta por uma praia que não conhecia, deixei-me abraçar por um mar salgado que nunca mais vou ver, enterrei os meus pés numa areia escura, e fina, que se entranhava em cada pedacinho de pele e depois saía como se nunca me tivesse tocado.
Vi um sol que lançava chamas no céu...o sol é sempre o mesmo, o céu também. Mas ali, longe de tudo, o efeito que tem... é poesia.
E a água, que ao encontrar a areia forma um espelho? Um espelho que distorce levemente a realidade e acentua a poesia...
Nessa praia descobri gente feliz. Que lançavam papagaios de papel, e jogavam à bola, e passeavam apaixonados à beira-mar... mas o que se esconde por trás disso? Aos meus olhos, apenas poesia.
Se ao menos eu fosse poeta conseguir-te-ia dizer com palavras sublimes que vale sempre a pena dares-te a alguém... deixares que as coisas aconteçam e que no fim tudo corre bem. Podia descrever-te aquele céu laranja, sob o qual vi aquelas pessoas que me pareciam tão felizes. Infelizmente, de poeta apenas carrego os sentimentos, e apenas te posso dizer que essa m(água) para que estás a olhar, é apenas um espelho distorcido da realidade.
Ama... ama muito, muitíssimo.


Foto: Marbella, Setembro de 2005. Tirada por mim, ao reflexo de alguém que merece o mundo.

domingo, setembro 11, 2005

Imagina

(Drops, 09/2005)


Imagina voltar a casa, após uma ausência… qualquer ausência. Antes mesmo de meteres a chave na porta já sentes o conforto da tua rotina, dos teus hábitos. O teu canto, a companhia dos que te são mais chegados, aquele abraço de boas vindas. O tagarelar sobre a viagem, descalçar os sapatos e calçar os chinelos que ficaram esquecidos no cantinho do quarto. Sentar no sofá da sala e ouvir os ruídos tão familiares…

Agora imagina não sentires saudades disso… consegues? ou então, sentires a falta disso, porque são essas coisas que te fazem pertencer a algum lugar, mas não as teres. Por força das circunstâncias o abraço é forçado e seco de carinhos. Não há tagarelar nenhum, só um silêncio castrador e olhares recriminatórios. Os chinelos estão frios, e nada te faz sentir confortável ali.

Nesse dia descobres que não estás na tua casa. Estás na casa de alguém, e sentes-te um intruso. Imagina estares fora, longe dessa casa e de tudo o que conheces, imagina que adoras estar lá, mesmo longe dos amigos, e da língua que conheces. Imagina o desconhecido, imagina tudo isso aliado àquela casa que não te espera…

Imaginas?

Eu não imagino. Não quero sentir isso, mas sinto. Sinto que algumas amarras se soltaram. Terei sido eu a corta-las? Alguém as cortou? O nó soltou-se? Não sei… sei que não tenho saudades… nem um abraço que me espere. Sei que estou triste, porque podia dar um passo para mudar isso, mas que tenho medo que não resulte.

Sinto-me só.

Pisei uma areia molhada, e deixei que as ondas se enrolassem nos meus pés. Deixei-me abraçar pelo sol que descia devagar pelas montanhas. Tive vontade de mergulhar e nadar até estar demasiado cansada para regressar.

Mas seria acusada de cobardia. Não, não sou cobarde. Ergo a cabeça, olho em frente. Sorrio e finjo que estou bem. Brinco, e rio-me. Censuro-me pela minha hipocrisia. Repugna-me este fingimento.

Não quero voltar, e por isso deixo que uma lágrima escorra tímida…

?

Está tudo bem… estou só cansada. E deito-me numa cama que não é a minha, nem a tua, mas que me acolhe e abraça como mais ninguém ousa fazer. E choro tudo, fingindo que durmo. Choro aquelas dores enterradas há tanto tempo… choro sozinha, sempre sozinha.

Mas sou eu que sou piegas. Fui eu que errei, as consequências são legítimas. As rejeições são válidas, as acusações certas. Porque a culpa é minha… sempre. (e também fui eu que abri um buraco na camada do ozono, fui lá com uma tesoura e rasguei-o o mais que pude.)

Choro mais um pouco. “Mariquinhas pé de salsa…”. Falta-me carinho… nada mais. Carinho puro e simples. Mas a culpa é minha não é?

NÃO É?

Eu é que sou arisca, e me afasto, e fujo…pois (também fui eu que causei a extinção dos dinossauros.)

Imagina-te só. Gente e mais gente ao pé. Alguns chamam por ti, e sorriem-te. Alguns alvitram que gostam muito de ti. Amigos, amigas, conhecidos… familiares. Todos de amam muito… todos! Mas nenhum deles te dá um afago quando estás triste. Um beijo de bons dias. Um abraço de saudades…

A culpa é minha.

Imagina… saudável, inteligente, forte, jovem. Com tanta gente que me ama tanto. Quero carinho para quê? Queixo-me de quê? Desejo tanto não ter nascido porque carga de água?

Oh mundo… doce mundo. A culpa é minha, sabias?

E o único erro que cometi foi nascer, tudo o resto é só uma consequência disso.

Desculpa-me mundo… desculpa.

11/09/2005

quarta-feira, agosto 31, 2005

Se te queres

Se te queres matar, por que não te queres matar?
Ah, aproveita! que eu, que tanto amo a morte e a vida,
Se ousasse matar-me, também me mataria...
Ah, se ousares, ousa!
De que te serve o quadro sucessivo das imagens externas
A que chamamos o mundo?
A cinematografia das horas representadas
Por atores de convenções e poses determinadas,
O circo policromo do nosso dinamismo sem fím?
De que te serve o teu mundo interior que desconheces?
Talvez, matando-te, o conheças finalmente...
Talvez, acabando, comeces...
E, de qualquer forma, se te cansa seres,
Ah, cansa-te nobremente,
E não cantes, como eu, a vida por bebedeira,
Não saúdes como eu a morte em literatura!
Fazes falta? Ó sombra fútil chamada gente!
Ninguém faz falta; não fazes falta a ninguém...
Sem ti correrá tudo sem ti.
Talvez seja pior para outros existires que matares-te...
Talvez peses mais durando, que deixando de durar...
A mágoa dos outros?... Tens remorso adiantado
De que te chorem?
Descansa: pouco te chorarão...
O impulso vital apaga as lágrimas pouco a pouco,
Quando não são de coisas nossas,
Quando são do que acontece aos outros, sobretudo a morte,
Porque é coisa depois da qual nada acontece aos outros...
Primeiro é a angústia, a surpresa da vinda
Do mistério e da falta da tua vida falada...
Depois o horror do caixão visível e material,
E os homens de preto que exercem a profissão de estar ali.
Depois a família a velar, inconsolável e contando anedotas,
Lamentando a pena de teres morrido,
E tu mera causa ocasional daquela carpidação,
Tu verdadeiramente morto, muito mais morto que calculas...
Muito mais morto aqui que calculas,
Mesmo que estejas muito mais vivo além...
Depois a trágica retirada para o jazigo ou a cova,
E depois o princípio da morte da tua memória. Há primeiro em todos um alívio
Da tragédia um pouco maçadora de teres morrido...
Depois a conversa aligeira-se quotidianamente,
E a vida de todos os dias retoma o seu dia...
Depois, lentamente esqueceste.
Só és lembrado em duas datas, aniversariamente:
Quando faz anos que nasceste, quando faz anos que morreste.
Mais nada, mais nada, absolutamente mais nada.
Duas vezes no ano pensam em ti.
Duas vezes no ano suspiram por ti os que te amaram,
E uma ou outra vez suspiram se por acaso se fala em ti.
Encara-te a frio, e encara a frio o que somos...
Se queres matar-te, mata-te...
Não tenhas escrúpulos morais, receios de inteligência! ...
Que escrúpulos ou receios tem a mecânica da vida?
Que escrúpulos químicos tem o impulso que gera
As seivas, e a circulação do sangue, e o amor?
Que memória dos outros tem o ritmo alegre da vida?
Ah, pobre vaidade de carne e osso chamada homem.
Não vês que não tens importância absolutamente nenhuma?
És importante para ti, porque é a ti que te sentes.
És tudo para ti, porque para ti és o universo,
E o próprio universo e os outros Satélites da tua subjetividade objetiva.
És importante para ti porque só tu és importante para ti.
E se és assim, ó mito, não serão os outros assim?
Tens, como Hamlet, o pavor do desconhecido?
Mas o que é conhecido? O que é que tu conheces,
Para que chames desconhecido a qualquer coisa em especial?
Tens, como Falstaff, o amor gorduroso da vida?
Se assim a amas materialmente, ama-a ainda mais materialmente,
Torna-te parte carnal da terra e das coisas!
Dispersa-te, sistema físico-químico
De células noturnamente conscientes
Pela noturna consciência da inconsciência dos corpos,
Pelo grande cobertor não-cobrindo-nada das aparências,
Pela relva e a erva da proliferação dos seres,
Pela névoa atômica das coisas,
Pelas paredes turbihonantes Do vácuo dinâmico do mundo...

Álvaro de Campos



Vou estar fora mais uns dias... deixo-vos com um poema que marcou uma fase da minha vida, e que redescobri... Acho-o maravilhosamente real, deixa-me sempre com um amargo na boca, uma sensação de remorso, de vazio... o vazio de quem parte, e infelizmente não regressa.

PS - Eu regresso, lá para dia 11 estou de volta ;)


domingo, agosto 28, 2005

Além Tejo

E a viagem começou assim... um olhar sobre algo que me disse que estava no sítio certo.

O comité de boas vindas...


... uma visão do oásis...

... outra do silêncio, e do sossego...

... o vasto...

... o belo...
... e a despedida.

No regresso, tive alucinações, em que as luzes me dedicavam melodias...

... e me escreviam cartas de amor.

=) Foram poucos dias, mas o Alentejo recebeu-me de braços abertos, como sempre. Pude voltar a descansar, e brincar, e viver intensamente cada momento de paz. Trouxe comigo a poesia de uma vida tão diferente da minha, mas que começo a aprender a amar.

A morte, pela hipótese de sobreviver...

Em pleno Alentejo, ter uma piscina (ou lago, ou um tigela com água que seja), e deixa-lo descoberto por uma noite, significa que no dia seguinte se encontra uma espectaculo devastador de insectos que ali foram à procura de um gole de água, e para isso deixaram lá a sua vida. Mas vendo estes, imagino quantos mais não terão sobrevivido...

Não será a nossa vida também isto? Não temos nós alturas, em que temos mesmo que mergulhar numa piscina, sem sabermos sequer nadar, porque se ficarmos cá fora desidratamos, ou queimamo-nos irreparavelmente?...

terça-feira, agosto 23, 2005

ịňşỚņĭẳ

O que é que tu fazes quando não consegues dormir?

Qual é o remédio para conseguires obter o que hoje me parece ser o único remédio para esta agonia? Usei a táctica da música, e não resultou… vi filmes para rir, chatos, românticos, e… nada! Quer dizer, uma grande dose de vazio dentro da minha cabeça.

Dúvidas, flashes de dias que nunca deviam ter existido, incertezas de um futuro que já devia ter chegado, ou que talvez não devesse chegar nunca… paranóias das horas que passam sem que os olhos se fechem.

O sol subiu, e eu sem dormir. E não choro, porque chorar seria admitir que algo está errado… seria vitimizar-me, recusar-me a assumir os meus erros, dar a entender que era um outro alguém que estava errado. E não, não é nada disso. Eu quero apenas que me deixem ir, não me condenem. Os erros foram causados pelas noites que ficaram por dormir, não teria coragem de rasgar a minha folha de papel para não escrever nela mais palavras ignorantes… sendo que essa folha de papel, é apenas a última página de um capítulo deste livro que é a minha vida… não, não a iria rasgar. Vão haver mais uns capítulos, mais umas páginas, parágrafos, pontos, vírgulas… erros ortográficos, riscos, rabiscos. Vai haver tudo isso e não mais serei um borrão de tinta em capítulos de livros em que não me querem… ou em que eu não me quero. Saio sem que seja preciso mandarem-me embora com um mata-borrão. No teu livro, ficarei para sempre escondida, se mo permitires. Serei aquelas reticências, que seguem o “Era uma vez” do dia em que descobrires que és feliz.

O que é que tu fizeste para voltares a dormir?

Porque eu dormia sem ter sono, e hoje, mesmo depois de ultrapassar todas as barreiras de um cansaço inexplicável, não há sono que permaneça… nem há sonhos… nem há nada…

Umas asas que ninguém vê, feridas por facas que não existem. Dores fingidas lágrimas forçadas… mentiras, só mentiras e fingimentos para que tenhas pena… se tu ao menos soubesses, que as asas me foram arrancadas a sangue frio, por um cão raivoso, que as facas eram dentes, que morderam, e morderam, e rasgaram-me a carne em farrapos tão pequenos, que ninguém os vê. E as dores, doeram tanto, que o corpo entrou em colapso e deixou de sentir, e as lágrimas uniram-se, e formaram aquele rio, que corre algures escondido no meio da floresta.

E tu, que nunca irás ler isto, nunca irás ter pena, porque para ti, eu direi sempre que está tudo bem, e é a ti, que eu pergunto o que fazer quando não consigo adormecer, que eu apresento a solução para me ajudares a dormir… é aquele pedido que eu nunca te vou fazer, porque as noites escuras, passadas em branco, ainda me deixam o discernimento para saber que é melhor assim… hoje, hoje peço-te, o que nunca te vou pedir…

Contas-me uma história, e ajudas-me a dormir?

23/08/2005

sexta-feira, agosto 19, 2005

Tinta Preta


Hoje fui lá fora e a noite recebeu-me gelada, quase tão gelada como as minhas mãos, essas mesmas mãos que abraçam a caneta que deixa a tinta preta escorrer pelo papel, preta como a noite, e as estrelas são os espaços brancos por entre as letras e palavras… que poema escreves tu noite? Parei um pouco para te ouvir, é tão belo o que contas.
És gelada e as pessoas fogem de ti por seres assim, não te encontram a beleza escondida, mas tu só és gelada porque ninguém te dá um abraço quente! Como as minhas mãos, frias por ninguém as aquecer. Eu abraço-te noite, com as minhas incertezas, com as mesmas mãos frias que abraçam a caneta de tinta preta, com os meus olhos marejados de lágrimas não choradas, a minha alma inocente, os meus pensamentos que vão voando… abraço-te com força, com determinação, com carinho e sem medo.
As pessoas temem-te porque és escura, misteriosa, porque nunca sabem o que se esconde nas tuas sombras, pois é isso que eu amo em ti, o nunca saber o que esperar, o seres diferente, o não permitires que a luz te mude, nem te afaste, nem te aqueça…
Não serás tu apenas um borrão de tinta negra deixado cair numa folha de papel de seda? Não serão as estrelas apenas salpicos de sal das lágrimas caídas sobre esse mesmo papel? Que carta de amor foste tu arruinar? Não serei eu apenas uma das letras escondidas por baixo dessa mancha de tinta negra? Eram belas as palavras? Diz-me noite, és tinta preta que escorre suavemente? É por isso que me vais cobrindo a alma de luto cada vez que te abraço? É por isso que me gelas o coração?
Perdoa-me noite, amo-te mesmo assim, sejas tinta preta, ou um xaile negro do luto pela morte do dia, sejas o que fores, por quem fores…
(31/01/2005)

terça-feira, agosto 16, 2005

De volta!

Estive no Alentejo (Elvas e Reguengos...) e vou voltar mais uns dias! Não resisto, a paz está escondida naqueles montes amarelos, naquelas estradas vazias de gente, naquelas pessoas verdadeiras, no tempo que caminha em vez de correr, no céu com mais estrelas, no horizonte mais vasto...

As férias fazem disto às pessoas.

Divirtam-se muito, descansem muito, leiam, escrevam, amem... digam disparates, riam-se, sejam doidos(as), a felicidade absoluta não existe, mas se vivermos tudo intensamente, chegamos lá perto...

E eu, não bebi, nem fumei, nem me injectei com nada. Não me apaixonei de novo, não vi um passarinho verde, não ganhei na lotaria, nem sequer recebi presentes ou elogios. Não aconteceu nada do outro mundo, mas vi um pôr-do-sol, e olhei as estrelas por horas. Tive tempo para brincar com um cachorro, apanhei sol, nadei até me cansar, tratei de papeis importantes, tagarelei, falei de coisas sérias, vi filmes, dormi muito... e ainda sobrou tempo... tudo isto em 2 dias.

O Alentejo, é sem sombra de dúvidas o único sitio que eu conheço, em que o tempo passa à velocidade correcta.

quarta-feira, agosto 10, 2005

O bater das asas...

Há tanta gente a voar à minha volta...
Uns vão e prometem voltar em breve, outros não prometem nada, voam apenas.
Eu vou só esvoaçar. Uns dias em Elvas... mas volto... volto sempre.
Espero fazê-lo com alma renovada, espirito solto, palavras alegres, olhos brilhantes...

Até lá...

Um beijo
Drops

domingo, agosto 07, 2005

Pelos caminhos da alma

Estava tudo em silêncio, o tempo caminhava calmamente pelas horas e eu, serena, pensava, sonhava acordada, imaginava mil histórias que logo largava ao vento para ele as sussurrar a quem as quisesse ouvir.

Saí, e comecei a caminhar na rua deserta, com o tempo a meu lado. Conversámos os dois, confessámos mágoas e tristezas, partilhámos sonhos e alegrias, rimo-nos de absurdos inconfessáveis, e chorámos lágrimas sentidas.

Percorremos todos os caminhos da alma e do silêncio, sem nunca pararmos, caminhamos lado a lado, de mãos dadas, amigos, companheiros, cúmplices. Fomos amantes platónicos por uma noite, mas o sol nasceu, e o tempo desatou a correr, num ritmo frenético…e eu continuei o meu caminho, passo calmo, confiante.

Logo irás voltar, quando as estrelas ofuscarem o brilho do sol, e o silêncio embalar a lua, serás meu novamente, e juntos voltaremos a percorrer os caminhos da alma.

16/06/2005

sexta-feira, agosto 05, 2005

Boss AC - Que Deus

"Há perguntas que têm de ser feitas! 
 
Quem quer que sejas
Onde quer que estejas
Diz-me se...
É este o mundo que desejas!?
 
Homens rezam, acreditam,
Morrem por ti!
Dizem que estás em todo o lado
Mas não sei se já te vi!
 
Vejo tanta dor no mundo
Pergunto-me se existes!?
Onde está a tua alegria
Neste mundo d'homens tristes!?
 
Se ensinas o bem
Porque é que somos maus por natureza!?
Se tudo podes
Porque é que não vejo comida à minha mesa?
 
Perdoa-me as dúvidas
Tenho de perguntar
Se sou teu filho e tu me amas
Porque é que me fazes chorar?
 
Ninguém tem a verdade
O que sabemos são palpites
Sangue é derramado em teu nome
É porque o permites
 
Se me deste olhos
Porque é que não vejo nada?!
Se sou feito à tua imagem
Porque é que eu durmo na calçada!?
 
Será que pedir a paz entre os homens
É pedir demais!?
Porque é que sou descriminado
Se somos todos iguais!?
 
Porquê!?
Porque é que os Homens se comportam como irracionais?!
Porque é que guerras, doenças matam cada vez mais?!
Porque é que a paz não passa de ilusão?!
Como pode o Homem amar com armas na mão?!
Porquê!?
Peço perdão pelas perguntas que têm que ser feitas
E se escolher o meu caminho será que me aceitas?!
Quem és tu? Onde estás? O que fazes? Não sei!
Eu acredito é na Paz e no Amor!
 
Por favor não deixes o mal
Entrar no meu coração
Dou por mim a chamar
O teu nome em horas d'aflição
 
Mas... Tens tantos nomes!
És rei de tantos tronos!
Se o Homem nasce livre
Porque é que alguns são donos?!
 
Quem inventou o ódio?!
Quem foi que inventou a guerra?!
Às vezes acho que o inferno
É um lugar aqui na Terra!
 
Não deixes crianças
Sofrer pelos adultos
Os pecados são os mesmos
O que muda são os cultos
 
Dizem que ensinaste o Homem
A fazer o bem
Mas no livro que escreveste
Cada um só lê o que lhe convém
 
Passo noites em branco
Quase sem dormir a pensar
Tantas perguntas
Tanta coisa por explicar
 
Interrogo-me
Penso no destino que me deste
E tudo o que me acontece
É porque tu assim quiseste
 
Porque é que me pões de luto
E me levas quem eu amo?!
Será que é essa a justiça
Pela tal eu tanto clamo?!
 
Será que só percebemos
Quando chegar a nossa altura!?
Se calhar desse lado
Está a felicidade mais pura!
 
Mas se nada fiz
Nada tenho a temer
A morte não me assusta
O que assusta é a forma de morrer!!
 
Porquê!?
Porque é que os Homens se comportam como irracionais?!
Porque é que guerras, doenças matam cada vez mais?!
Porque é que a paz não passa de ilusão?!
Como pode o Homem amar com armas na mão?!
Porquê!?
Peço perdão pelas perguntas que têm que ser feitas
E se escolher o meu caminho será que me aceitas?!
Quem és tu? Onde estás? O que fazes? Não sei!
Eu acredito é na Paz e no Amor!
 
Quanto mais tento aprender
Mais sei que nada sei
Quanto mais chamo o teu nome
Menos entendo o que chamei
 
Por mais respostas que tenha
A dúvida é maior
Quero aprender com os meus defeitos
Acordar um homem melhor
 
Respeito o meu próximo
Para que ele me respeite a mim
Penso na origem de tudo
E penso como será o fim!
 
A morte é o fim
Ou é um novo amanhecer?!
Se é começar outra vez
Então já posso morrer!
 
(Teresa Salgueiro)
Ao largo ainda arde
A barca da fantasia
O meu sonho acaba tarde
Acordar é que eu não queria!
________________________________

Não é exactamente o meu estilo de música, mas descubro sempre uma ou outra cuja letra me leva mesmo a ouvi-las...
Não acredito nesse Deus de que tanto oiço falar, mas acredito que a humanidade podia ser bem melhor se todos seguissem o conselhos "dele"...

quarta-feira, agosto 03, 2005

.........................

Apetecia-me dizer-te "Adeus", e que tu acreditasses que era para sempre, só para saber se ias ter saudades...

terça-feira, agosto 02, 2005

Sofro, logo existo?!...

Sabes aqueles dias? Aqueles que te sorvem a alma de um só trago, e não deixam nem uma gota para tu manteres um sorriso de fachada? Sabes, claro que sabes... só não sabes que os meus dias são agora todos assim. Esta guerra branca, de palavras que ferem por nunca serem ditas. As minhas são amargas... furam-me por dentro, como punhais mal afiados, com lâminas ferrugentas que causam dores agudas. E sabes que não são para ti? E sorrio... já não és tu que me magoas, queria muito conseguir dizer-te isto. Que te amo como nunca, porque continuo cega, e acho-te perfeito, e amo cada defeito que te encontro, porque eles fazem de ti humano. Mas sofro por dentro, por minha culpa claro, sinto-me egoísta, mas não consigo deixar de estar assim.
Sei que amanhã o dia vai nascer cheio de sol, e que eu vou continuar triste, e que não to vou dizer, como não mais te direi o quanto te amo. Como nunca mais saberás como me magoam os teus carinhos infindos.
Dói agora a dor de saber que amanhã vai chegar, porque se amanhã não chegasse... a ideia de que nunca serás meu permanece, e assim, "nunca" seriam apenas umas horas, só mais umas horas, em que eu podia estar contigo, ia sentir o teu cheiro, ia ouvir a tua voz mais uma vez, olhar fundo nos teus olhos e deixar-me chorar no teu abraço, sem me explicar! Era assim que eu queria que tudo acabasse, os meus sentidos todos envolvidos por ti. Dava-te o beijo que tanto desejei roubar. Entregava-to para ele se juntar à minha alma que anda sempre contigo... Estou a divagar de novo. Porque amanhã vai chegar, e isso vai doer, tanto como doeu hoje.
É por isso que me custa adormecer à noite, enquanto estou acordada, o tempo demora mais a passar... e é por isso que me custa acordar de manhã, o acto de abrir os olhos diz-me que o dia chegou... mais um, de dúvidas e incertezas, de gritos dados para dentro, a tua ausência...
Mas o meu coração é teimoso, insiste em bater, mais fraco nos dias como hoje, mais forte nos dias como ontem... ontem... Que aconteceu ontem? Que arma usaste para deitar a baixo a minha barreira invisível? Era perfeita, impenetrável. Foi a tua força? Ou terá sido a minha fraqueza?
E hoje estou assim. Morri, afogada em dias que insistem em continuar a chegar, mas continuo viva! Sempre viva… Sem sombra de dúvidas… VIVA, porque cada dia que chega, dói um bocadinho mais que o anterior. Às vezes acalmo, e quase acredito que finalmente morri, mas logo chega mais um dia para me lembrar que não é assim tão fácil.

30/07/2005


"And love Is blind, and that I knew when my heart was blinded by you..."

terça-feira, julho 26, 2005

Leva-me contigo

São anos e anos de sentimentos escondidos no mais profundo cantinho da minha alma, são demasiados pensamentos guardados, demasiados sorrisos forçados. São demasiados sentimentos de exclusão por uma diferença que já não me faz feliz, são demasiados segredos guardados pelo bem do socialmente correcto. São medos que me consomem, são incertezas que me atormentam. És tu que já não és meu, nem em sonhos, porque já não tenho sonhos, até eles fogem de mim assustados com a pessoa que me tornei…
Não resta nada da mulher doce e confiante, sempre presente e atenta ao mundo, que sorria por qualquer motivo, e ficava feliz com quase nada… fiquei eu, amarga, com uma lágrima sempre escondida pelas desculpas banais de cansaço e sono, e estudo, um cisco que entrou para o olho… está muito fumo aqui dentro, o que seja, desde que afaste os olhares atentos e as perguntas. E as circunstâncias ajudam, porque perguntas são feitas e um inicio qualquer de resposta serve, porque há sempre mais alguma coisa a chamar-vos a atenção, e nunca param para ouvir o resto, isso evita mentiras de que correu tudo bem, ou que foi muito giro. Um mais ou menos resolve tudo, e o silêncio que se segue nunca é notado.
Vocês vão e eu fico com o meu silêncio, a minha alma quieta, já não voa ela, sabias? Como uma arara a quem lhe cortaram as penas, a minha tristeza impede-a de sair daqui, já nem ela é livre… o silêncio, o meu amado silêncio, meu eterno companheiro de sempre, és o único que esteve sempre lá… leva-me contigo!

14/02/2005

sábado, julho 23, 2005

Amar de novo

"Sei que um dia vou amar de novo… tenho que… preciso mesmo de amar novamente. Mais que isso, preciso de ser amada. Precisos dos meus risos luminosos que sempre faziam os meus olhos brilhar, e faziam os outros sorrir.

E para sorrir, tenho que amar. Amar muito! Mesmo sabendo que pode não durar para sempre, quero amar como se não existisse amanhã, fazer juras de amor eterno, e sonhar um futuro promissor. Dizer disparates e rir-me deles com alguém que diga tantos disparates como eu. Quero roubar um beijo impossível e rir-me com ar malandro depois de o fazer. Tudo isso é amor, como as discussões fazem parte do amor, e depois fazer as pazes… entregar-me cegamente, como quem se deixa cair de costas para o abraço de alguém. Alguém irá amparar a minha queda, e far-me-á feliz, por muito, ou pouco tempo, mas feliz. Quero a vida como uma poesia, com aquele ritmo mágico, quero segredos nossos, e risos, muitos risos.

Vou amar de novo. Preciso… de amar de novo."

17/06/2005



segunda-feira, julho 18, 2005

Adeus...

Adeus porque quis abraçar a chuva como um dia te abracei a ti, e a chuva abraçou-me fria e húmida...
Adeus porque quis sussurrar ao vento que te amo, como um dia sussurrei a ti, e o vento sussurrou-me a tua ausência...
Adeus porque te amei demais para te pedir que ficasses...
Adeus porque não me amaste o suficiente para ficar sem que te pedisse...
Adeus porque uma parte do meu coração estará sempre contigo, embora eu saiba que não devia...
Adeus porque os longos abraços à chuva só são possíveis a dois, e porque nem o sol aquece o lugar vazio ao meu lado...
Adeus porque quero voar, quero descobrir o que há atrás das nuvens que deixaste... Talvez o sol, talvez a lua, mas sem te deixar partir nunca irei saber.
(20/05/2001)


Quando partiste chorei a tua ausência em silêncio, e durante meses escondi a dor atrás de um sorriso que afastava as perguntas. Decidi mudar, de visual, de hábitos, de paixões, de vícios, de atitudes... e consegui, guardei os ténis para as noites em frente à lareira e para as (ainda raras) manhãs de desporto, as jeans para os fins-de-semana, as t-shists largas para dormir, e substituí tudo isso por um guarda-roupa diferente, "mais adulto" disse a minha mãe, mais igual a mim disse eu. Deixei aquele hábito irritante de dormir demais, e as horas que ganhei retomei a minha velha paixão pela leitura.
Passo mais tempo a fazer o que gosto, e menos tempo a falar mal dos outros. Tornei-me mais condescendente com o mundo, e mais exigente comigo. Antes do final do ano decidi que teria que me despedir de ti devidamente, para ficar finalmente livre. Escrevi uma carta, que transcrevi em cima, e quis queimá-la na passagem de ano, acabei por fazê-lo na data em que me anunciaste a tua partida, e agora posso dizer-te que mudei finalmente, e estou pronta para a Vida.
Obrigada, por tudo.
(25/05/2002)

sábado, julho 16, 2005

Desenho ingénuo

"Olhei o céu e perguntei-te se vias a magia a flutuar por ali, se sentias as nuvens a acariciar-te o rosto, se conseguias ver os seus sorrisos, as suas lágrimas… disseste-me que não, que eram apenas nuvens brancas, iluminadas pelo sol madrugador.
Deitei-me na rua, com uma folha de papel e uma caixa de lápis de cera. Na folha desenhei o céu azul, o sol, e as nuvens. Copiei tudo o que via, e quando dei por mim já a folha não era suficiente, e eu já desenhara nuvens pelo alcatrão fora, desenhei nos passeios e nos muros. Desenhei tanto que gastei o lápis azul, e o branco. E comecei a pintar noutras cores, até ter terminado a caixa inteira, e me doerem as mãos de tanto tentar mostrar-te o que era que eu via naquelas nuvens.
Disseste-me que finalmente percebias o que eu te queria dizer, que não havia nada mais belo. Mas eu subi ao telhado, e não vi o que via no céu. Só rabiscos de cores diferentes, que em nada se pareciam com o que eu queria pintar. E desci, desiludida, com as lágrimas a escorrerem-me pelas faces, e tu deste-me um abraço confortável. Disseste-me que te ias deitar naquela rua todos os dias, porque aquele desenho era mágico, sentias os meus gestos no toque da cera com que desenhara. Ias-te deixar impregnar daquele cheiro para sempre, e ias ficar a olhar para o céu, porque era lá que eu estava, deitada nas nuvens a sorrir para ti.
Se calhar é isso… eu moro nas nuvens brancas sobre um céu azul, e tu num desenho ingénuo pintado a lápis de cera…"

(27/06/2005)

terça-feira, julho 12, 2005

Diary - Alicia Keys

Lay your head on my pillow
Here you can be yourself
No one has to know what you are feeling
No one but me and you

I won't tell your secrets
Your secrets are safe with me
I will keep your secrets
Just think of me as the pages in your diary

I feel such a connection
Even when you're far away
Ooh baby, if there is anything that you fear
Call for me, 489-4608 and I'll be here, here

I won't tell your secrets
Your secrets are safe with me
I will keep your secrets
Just think of me as the pages in your diary

Only we know what is talked about, baby boy
I don't know how you can be driving me so crazy, boy
Baby, when you're in town why don't you come around, boy
I'll be the loyalty you need, you can trust me, boy

I won't tell your secrets
Your secrets are safe with me
I will keep your secrets
Just think of me as the pages in your diary

___________________
Percorri o teu corpo com a ponta dos meus dedos mornos... em sonhos, claro. Abracei-te com força, e reconfortei-te. Enxuguei as tuas lágrimas, e em sussurros ao ouvido disse-te que vai ficar tudo bem. Coloquei a minha mão aberta no teu peito desnudo, mesmo em cima do coração, e senti-o amansar, enquanto trauteava esta canção.
As noites sucedem-se aos dias, confundem-se uns com os outros. As paisagens são pintadas à mão, mas todas iguais. O sonho é sempre o mesmo, os pormenores não mudam... Dias? Noites? Não interessa. Eu e tu... sempre juntos, mas nunca unidos.

... sem titulo ...

As pessoas mudam... as mentalidades evoluem, se assim não fosse, hoje não seríamos quem somos, nem o mundo seria assim.
Eu mudo, sempre mudei, e continuarei a mudar. Recuso-me a estagnar, a ficar parada no tempo, agarrada a um passado qualquer. Aprendi a amar-te assim, e aprenderei a amar-te de um outro modo, porque a amizade irá prevalecer... mas tu também mudaste, eu mudei algo em ti... e um dia, tu irás descobrir que apenas procuravas quem esteve sempre ao teu lado...
Mas sabes o que vai acontecer?... e digo isto com um sorriso impregnado de lágrimas, porque não queria que fosse assim, irónico... quando tu te aperceberes que era eu, que te amei mais que ao mar, a lua e as estrelas todas juntas, quando vires que era a minha simplicidade que tu procuravas, quando acordares, irás descobrir que tudo isso se rendeu à incondicionalidade da amizade que tanto queres. E sabes? Eu vou-me magoar de novo, por não corresponder ao amor que vais sentir... é irónico, mas nós fomos feitos um para o outro, mas para nunca nos amarmos no mesmo espaço temporal.
A tua vez vai chegar, e eu vou estar lá a chorar contigo, mas não serei capaz de te amar, não como amo hoje, como amei ontem, e em todos os dias antes de ontem... acho que te amei toda a minha vida, sem saber quem eras. És tu, hoje, e amanhã... e se calhar por mais algum tempo depois disso... mas depois, quando o meu coração se cansar de esperar por ti, o teu vai acordar, e a distância vai ser grande demais...

_________________________

Ainda está sem título... aceito sugestões =)

quarta-feira, julho 06, 2005

Entrelinhas

E o tempo parou de repente. Ouve-se… NADA! O restolhar de folhas confusas, canetas que correm apressadas… tudo isso é NADA! Porque as canetas correm, cheias de pressa, mas sem destino, porque não saem do mesmo sítio, ficam agarradas a algo que não sabem bem o que é, mas correm como se amanhã não fosse existir.
Em parte, também eu sou assim, corro, mas fico quieta, corpo estático, a agarrar uma caneta, e a alma vai correndo… à procura, do Futuro? Não sei… mas corre à mesma. O destino é irrelevante, o objectivo também, o que importa mesmo é correr, até não ter mais forças, é DAR, o melhor de mim, sempre, sem me importar se alguém o vai receber ou não. Porque é assim que eu aprendo, e que vou sendo feliz, porque mostro ao mundo, e provoco-lhe sorrisos, com insignificâncias que eu torno memoráveis, porque para mim, elas significam algo.
E então corro, cada vez mais, porque o pequeno mundo em que vivemos é grande demais para eu ficar parada… porque quero-lhe mostrar (ao mundo inteiro!) tudo o que me apetecer, e neste momento, apetece-me mostrar mesmo tudo, a começar pelo efeito da tinta desta caneta, sobre um papel, onde a tinta foi despejada, e há de continuar a ser. Mas a caneta é como eu… corre, corre e dá, mas nunca dá tudo o que queria dar, nem é tudo o que queria ser…
Mas a caneta, e eu também, tem sempre as entrelinhas, que é quando pára (ou paro eu…) para receber, é quando damos oportunidade aos outros de se partilharem um pouco, e depois corremos juntos no silêncio cúmplice de sabermos que estamos ali, e que esse pequeno nada nos faz feliz…
Como o restolhar da folha de um plátano lá fora, que quebrou o silêncio de outros restolhares… bem mais próximos de mim, mas bem menos importantes… porque não foi a tinta da minha caneta que cobriu aquelas páginas, mas foram os meus olhos que seguiram o movimento da folha, desde que caiu, até que foi arrastada pelo vento para uma corrida… como a minha? Quem sabe…

segunda-feira, junho 27, 2005

às vezes...

às vezes, e hoje é uma dessas vezes, sinto-me assim...


sábado, junho 25, 2005

Não sei...

Não sei porque é que andar à chuva me sabe tão bem, nem porque é que isso me lembra de ti, formulo hipóteses vagas, mas a resposta mantém-se...
Não sei porque penso tanto em ti, nem porque isso me magoa tanto, imagino que seja amor...
Não sei porque me custa tanto a adormecer sem ti, nem porque me custa ainda mais a acordar depois de sonhar contigo...
Não sei porque estou tão perdida, não sei porque é que o meu coração ainda bate, não sei porque choro, não sei porque disfarço tudo isto com um sorriso, não sei porque é que às vezes fico tão distante, não sei porque me torturo no meu próprio silêncio... não sei...
Só sei que a tua presença me acalma, e que a tua ausência magoa, sei que as lágrimas desaparecem com a chuva, mas as marcas ficam gravadas na minha alma como tatuagens...
(14/11/2004)

______________
"Não sei" é uma resposta perfeitamente válida para tudo... não há motivos para querermos ter as respostas todas... descobri que me magoo menos quando questiono menos, aceito o que vem, e como vem, e aprendo a lidar com isso.

quinta-feira, junho 23, 2005

Silêncio

Como se escreve o silêncio?... Precisava disso agora, escrever o vazio que ocupa o lugar da minha alma, que não encontro em lado nenhum, escrever o compasso do meu coração, lento e inaudível. Escrever o meu olhar distante, marejado de lágrimas que insistem em não cair. Escrever a perturbação causada por opiniões tão sinceras e sentidas, mas completamente contraditórias...
Como se escreve a dor? A saudade?
Como se escreve a apatia? A necessidade de um abraço? De um colo reconfortante?
Como se escreve a insignificância? O egoísmo?... Não se escreve.
Sinto-me a mais egoísta das criaturas, preocupada com estes sentimentos que me atacam, e o mundo, que está virado do avesso...?

(...silêncio...)



Texto antigo... mas hoje estou a precisar deste silêncio, de estar um pouco comigo, de me elogiar e criticar, de me rir de mim mesma, de chorar os meus erros... em silêncio...

segunda-feira, junho 20, 2005

Renascer

As palavras já não significam a mesma coisa. Por trás de cada uma delas não há nada escondido, significam só o que está escrito no dicionário, tudo o que eu dizia por trás de cada uma delas foi silenciado, e nada restou. Só um borrão de tinta numa qualquer folha de papel abandonada numa gaveta entreaberta. Deixei que o vento levasse todos os meus sentimentos velhos, e larguei os seus nomes nessa tal folha que larguei na gaveta. Significam pouco, apenas o que diz o dicionário. Porque os sentimentos que se escondiam atrás de cada uma delas voaram, porque eu quis que eles voassem. E deixei que a minha alma repovoasse o meu coração de sentimentos novos.
São ainda pequenos, indefinidos, não se transformaram ainda em nada nomeável… são os meus inomináveis sentimentos novos. Desta vez vou ter cuidado com eles, porque não os quero ter que abandonar ao vento, e por isso vou escolhê-los, um por um.
Sei que a minha alma trabalhou arduamente, percorreu o mundo à procura dos mais inocentes sentimentos para me repovoar o coração, e por isso agora aguardo mais um pouco em silêncio. Velo os sentimentos que estão para nascer, e a minha alma, que descansa finalmente à sombra de um suspiro.

sexta-feira, junho 17, 2005

Ponto final e uma lágrima

Não me censures por eu não fazer um esforço para esboçar um sorriso. Não me odeies se eu não for falar contigo, nem se vieres falar comigo e eu demorar a responder. Não penses que deixei de gostar de ti só por aparecer menos vezes, ou mesmo se deixar de aparecer de todo. Não tentes descobrir o que se passa, porque eu também não sei bem, não penses que estou a deitar fora a amizade que temos, estou apenas a parar… a isolar-me um pouco no tempo, a reflectir sobre mim, a minha vida e o mundo.
Não me julgues, não esperes que procure o teu ombro, nem abraços, deixa-me sofrer só, isto passa, tudo passa, e mais tarde pedir-te-ei desculpa pela minha atitude de agora. Se eu não conseguir explicar os meus porquês, tem um pouco de paciência comigo.
O meu coração dilacerado já não sabe bem se há de continuar a bater, a minha alma está espantada com as ideias que me atravessam a mente. São pensamentos negros, sombrios, tristes… de tal modo tristes que a própria tristeza chorou amargurada quando os descobriu.
Não sei… também não sei. Não sei nada, sei que pus um ponto final algures na minha vida, e que ninguém quis fazer dele reticências, então que seja um ponto final mesmo, que não haja com ele uma virgula a assinalar só uma pequena pausa, que não haja outro ponto por cima a indicar o início de uma qualquer descrição, ou de uma fala, que não haja um tracinho a marcar a exclamação ou interrogação, que não haja nada, e seja só um ponto final… parágrafo ou não, hajam frases escritas a seguir ou apenas uma grande folha em branco deixada por uma vida vazia de tudo, hajam rabiscos de uma caneta deixada a correr ao acaso, ou apenas a alvura de uma folha deixada assim por uma alma imatura que se cansou de estar só.
Perdoa-me, por ser incoerente, por estar assim e não me importar, por fugir de quem amo, e pior ainda, por fugir dos amigos, perdoa-me se deixar que os pensamentos negros tomem conta de mim.
Não me censures, não me odeies, eu faço isso sozinha, tem só um pouco de paciência, a resposta chegará em breve, e será tão definitiva como o ponto final e a lágrima que o seguiu.

quinta-feira, junho 16, 2005

Eugénio de Andrade

Os amantes sem dinheiro

Tinham o rosto aberto a quem passava.
Tinham lendas e mitos
e frio no coração.
Tinham jardins onde a lua passeava
de mãos dadas com a água
e um anjo de pedra por irmão.

Tinham como toda a gente
o milagre de cada dia
escorrendo pelos telhados;
e olhos de oiro
onde ardiam
os sonhos mais tresmalhados.

Tinham fome e sede como os bichos,
e silêncio
à roda dos seus passos.
Mas a cada gesto que faziam
um pássaro nascia dos seus dedos
e deslumbrado penetrava nos espaços.

(Eugénio de Andrade)

_________________
Este é dos que conheço, o poema que mais adoro. Nem sei porquê...
Não, não foi um acidente, e a morte deste grande senhor não me passou despercebida... talvez o devesse ter feito no dia, mas acho que ele valia muito mais que uma homenagem no dia em que morreu, ele merece, e merecerá sempre uma homenagem quando bem nos apetecer, porque a sua alma é imortal.

quarta-feira, junho 15, 2005

Não faz mal

Se as palavras que tens para mim forem de censura, não as digas nem em silêncio. Se apenas tens críticas para me oferecer, guarda-as, porque eu encarrego-me das minhas próprias críticas. Se te juntas a mim apenas para me fazeres saber que não concordas comigo, então deixa-me só, porque tu estás no teu direito de não concordar, mas eu estou no direito de não me deixar magoar mais.
Tropecei, e caí. Parti a cabeça, e quando levei as mãos ao chão para atenuar a queda, esfolei-as todas, fiz sulcos profundos, e a dor da carne ferida reflectiu-se por todo o corpo. Bati também com os joelhos, e quando me quis levantar estes fraquejaram, e tive que me sentar no chão para recuperar. Foi desse chão que eu te escrevi. Não sei quanto tempo estive sentada, mas foi muito. Estou magoada, observo os meus braços repletos de escoriações, marcas de mãos que me tentaram agarrar ao longo do tempo, as minhas costas estão marcadas pelo chicote da minha própria consciência. O meu ventre está rasgado, marcado pelas minhas próprias mãos. Tenho sangue nas minhas unhas, o meu sangue misturado com o teu… Arranhei-te quando tentava impedir que me fugisses dos braços, e agarrei-me a mim mesma quando descobri que apenas abraçara um sonho. Contraí os dedos no meu ventre e puxei. A dor… qual dor, o meu coração estava muito mais magoado, e só hoje começo a sentir as restantes feridas a latejar. Sim, hoje é talvez um dia de festa, porque o meu coração deixou de doer.
Apoio uma mão no chão, e a dor atravessa-me de alto a baixo. Cerro os dentes, fecho os olhos, respiro fundo e… força! Levanto-me lentamente, ergo-me com dificuldade, tapo os ouvidos, não quero ouvir as gargalhadas de troça, também não quero ouvir dizer que fui avisada que a estrada tinha pedras e que eu não devia correr, não quero, não quero nada!
E é por isso, que se não tiveres para mim o carinho que preciso para sarar as minhas feridas, não faz mal, porque enquanto não me levantava, eu descobri como cuidar de mim sozinha.

terça-feira, junho 14, 2005

Estou...

Estou... apenas estou.
Mas devia estar a estudar... e não estou.
Mas estou à mesma... só não estou a fazer o que devia fazer.
Escrevo o que devia fazer... e no entanto escrever não é o que eu devia fazer.
Mas no que eu devia fazer também escrevo... só não escrevo o que devia fazer, mas o que devia escrever.
Agora escrevo o que gosto de escrever, que é o que eu gosto de fazer, mas não devia... só não faço o que devia fazer, mas escrevo o que gosto de escrever.
Continuo a estar, a escrever o que gosto de escrever, e não o que devia escrever, e faço algo, apenas não o que devia fazer.
E no fim, nada faz sentido senão ser feliz... então escrevo! Não o que devo, mas o que quero, e não sobre o que quero, mas sobre o que devo, que já me deixa feliz.



Saiu assim. É da hora...

domingo, junho 12, 2005

Divagar devagar

É incrível a capacidade que as pessoas têm de se deixar abater por palavras ou gestos mal interpretados, também é incrível a capacidade que essas mesmas pessoas têm de recuperar de tudo num ápice, basta quererem, basta quererem muito.
Procuro com as minhas palavra apaziguar a minha dor, embora saiba que uma curta conversa contigo alivia mais que todas as palavras que eu possa ordenar numa folha de papel. Fazes-me rir como ninguém, dou gargalhadas sonoras com as tuas promessas de amor e champanhe na praia, os meus olhos iluminam-se só de saber que estás por perto, fico desapontada quando não respondes, oh meu pobre coração, que te fui eu fazer?
As pessoas sempre me olharam como forte, quase insensível a essas lamechices, era essa a imagem que eu sempre quis passar, de destemida e independente, hoje não sei como lidar com isso… gostava que no meio da normalidade que tento mostrar as pessoas mais chegadas conseguissem perceber o que se passa, que vissem aqueles detalhes que fazem a diferença, o meu olhar distante, as respostas curtas, aquele esforço extra para não me esquecer de nada…
Não procuro pena, não é isso, procuro compreensão, um conselho válido, colo de mãe, um abraço apertado.
Sinto o futuro escorregar-me por baixo dos pés, e feita estupidificada assisto a isso impávida e serena, a paz voltou, quero lá saber do futuro, quero lá saber do passado, que se dane o presente, quero esse sonho beija-flor, o sonho em que eu virei flor, e que fomos os dois para a praia beber champanhe e fazer amor…
Ainda me lembro desse sonho, em câmara lenta, como um filme, eu abraçada a mim mesma, com os pés dentro de água, a caminhar devagar, à espera que o mar me chamasse, e depois surgiste tu, fugaz, silencioso, meigo… deste-me um beijo beija-flor, e bebericamos o champanhe, e levaste-me para longe do mar, para que ele não me chamasse nunca mais, estavas com o medo espelhado no rosto, medo de me perderes, beijaste-me novamente, pediste-me que ficasse, para sempre, pediste-me que deixasse de ser flor para ser árvore, forte, que tu passarias a ser um ninho aconchegado no abraço dos meus ramos, e que morreríamos juntos, para sempre juntos. Depois foste-me descobrindo lentamente, e as nossas almas voaram juntas com a brisa, e dançaram beija-flor, dançaram como nunca eu tinha visto, e eu e tu passamos a ser nós, dois corpos unidos pela alma, pela praia, pelo sabor suave do champanhe, e o cheiro a maresia, unidos por aquele mesmo desejo… foi só um sonho beija-flor.
Tu não és um beija-flor, e eu não sou uma margarida, não há praia, nem champanhe, nem cheiro a maresia, não há almas a dançarem a valsa, sou apenas eu, eterna sonhadora, à espera que o mar me chame, ou que tu chegues…

sábado, junho 11, 2005

Histórias em tons de amarelo

Lá fora a noite está cerrada. Mandei calar os grilos para ouvir o que o silêncio gelado me conta.
Shhh… agora sim, silêncio absoluto. Na escuridão vislumbram-se algumas estrelas por entre as nuvens sonolentas, e o silêncio começa a contar histórias, na sua voz pausada e melódica.
Abro a janela para ouvir melhor, e delicio-me com as histórias fantásticas de lugares longínquos. Hoje trouxe-me histórias em tons de amarelo, lá da terra dos sultões, e das princesas e dos haréns. Contou-me as histórias das mil e uma noites, e descreveu-as tão bem, que eu quase sentia aquele cheiro no ar, cheiro a perfumes exóticos, a incensos místicos.
Às tantas, um espirro, e o silêncio foi-se embora. Os grilos voltaram ao seu frenesim de vozinhas esganiçadas, e as nuvens acordaram estremunhadas.
Apoiei os cotovelos no parapeito da janela, a cabeça sobre as mãos, e perguntei-me se mais alguém estaria agora a olhar aquele céu, e se o silêncio também lhe contava histórias de lugares distantes.



:) escrito às 3 da manhã, depois de uma sessão intensiva de estudo de psicologia... podia-me ter dado para pior. ;)

sexta-feira, junho 10, 2005

Desafio

1) Total de livros que eu possuo?
Meus? poucos... talvez perto de 80... nunca os contei. mas a biblioteca doméstica deve ter mais de 700...

2) Último livro que eu comprei?"
=) O diário da nossa paixão - Nicholas Sparks

3) Último livro que eu li?"
Cem Anos de Solidão - Gabriel Garcia Marquez

4) Cinco livros que significam muito para mim?"
O Vento e a Lua - Rita Ferro
Visto do céu - Alice Sebold
O último cais - Helena Marques
O principezinho - Antoine de Saint Exupery
Orgulho e Preconceito - Jane Austen

5) Sugira cinco pessoas para preencher este formulário.
Teóricamente teria que nomear 5 pessoas para responderem isto... mas sou do contra!!!
Quem quiser, e tiver paciência que deixe um comentário com a resposta ;)

Um beijo
Drops