quarta-feira, outubro 15, 2008

Numa noite como outra qualquer, seguraste-me o rosto e pediste-me um beijo. Nessa mesma noite, que poderia ter sido outra qualquer, os beijos foram os protagonistas do conto de fadas que me prometeste.
A noite correu naqueles sofás que juntaste apenas para poderes dormir ao meu lado, na ingenuidade de que algo maravilhoso poderia acontecer. A timidez levou-nos ao disfarce e o segredo tornou-se nosso aliado.
Foste o príncipe encantado que apareceu montado num cavalo ruço, tão comum, tão inesperado, tão simples.
Numa noite, como outra qualquer, montaste o cenário perfeito. As velas acesas apenas permitiam vislumbrar os contornos do teu sorriso, tinhas espalhado chocolates por cima de uma cama improvisada, a música abafava os sons que chegavam do resto do mundo e os teus gestos levaram-me a acreditar em utopias longínquas.
Foste o amante insaciável que me mostrou os becos escondidos de um sonho.
Um dia percebi que esse sonho não era real, que os meus medos te afogavam em desespero, que a minha timidez te ia matando um pedacinho de cada vez, que os meus sorrisos eram poucos, que as minhas lágrimas traziam um passado demasiado longo para que tu me pudesses salvar de mim mesma.
Um dia, como noutro dia qualquer, saíste pela porta e nunca mais voltaste.
Nesse dia, ou noutro dia qualquer, coloquei tudo numa caixa de cartão e deixei que esta fosse levada pelo tempo.
Um dia sonhei que me tinhas jurado amor eterno e que era eu quem tinha fugido a correr.
Nós fomos feitos de dias assim. Hoje, quando esses dias estão tão distantes, sei que foi tudo um sonho, porque contos de fadas só no papel.
Naquele dia, tão banal como os outros, pedi-te um beijo e disse-te adeus.