E ali estava eu... casa de vidro fosco, olhos bem abertos, desprotegida de tudo e de todos.
Passaste a porta, espreitaste, mas resolveste não entrar, mas ao teu reflexo nos espelhos que cobriam as paredes eu acenei, e por ele me apaixonei, porque o reflexo parecia rir-se para mim... atirei-me de encontro as paredes, tentando unir-me a ti, apenas conseguindo magoar-me nos cacos de mim mesma que se iam espalhando naquele chão.
E de dia para dia fui fechando as janelas, primeiro com cortinados negros, depois com tijolos orgulhosos e desconfiados. Fui-me fechando lá dentro, um pouquinho de cada vez.
De repente dei por mim isolada, naquela casa de espelhos, vazios até de mim, porque na ausência de luz, nem eu sabia se estava lá ou não.
Uma eternidade passou, e a minha casinha começou a desmoronar-se... a primeira réstia de luz confundiu-me, a imagem no espelho já não era a minha, era uma gigante alterada pelos espelhos deformados pelo tempo. Era gente esquiva, olhos semicerrados e desconfiança a flor da pele. Até que mais alguém parou à porta.
Nos espelhos distorcidos não vi o seu reflexo, e quem chegou pareceu não ligar a confusão que ali se tinha instalado.
Não ligou aos cabelos desgrenhados, a cara de poucos amigos, não ligou à imagem que eu tinha de mim, nem ao desinteresse por tudo o que novamente me rodeava.
Veio, e procurou a flor no meu regaço, procurou um brilho no fundo dos meus olhos, e amarrou-se... a mim, ao que julgava que era eu, mas que afinal era só uma imagem guardada por um espelho teimoso...
Eu há muito que partira, numa brisa de vento gelado, abraçada ao ponteiro mais pequeno do relógio de um suspiro que dali tinha saído.
Passaste a porta, espreitaste, mas resolveste não entrar, mas ao teu reflexo nos espelhos que cobriam as paredes eu acenei, e por ele me apaixonei, porque o reflexo parecia rir-se para mim... atirei-me de encontro as paredes, tentando unir-me a ti, apenas conseguindo magoar-me nos cacos de mim mesma que se iam espalhando naquele chão.
E de dia para dia fui fechando as janelas, primeiro com cortinados negros, depois com tijolos orgulhosos e desconfiados. Fui-me fechando lá dentro, um pouquinho de cada vez.
De repente dei por mim isolada, naquela casa de espelhos, vazios até de mim, porque na ausência de luz, nem eu sabia se estava lá ou não.
Uma eternidade passou, e a minha casinha começou a desmoronar-se... a primeira réstia de luz confundiu-me, a imagem no espelho já não era a minha, era uma gigante alterada pelos espelhos deformados pelo tempo. Era gente esquiva, olhos semicerrados e desconfiança a flor da pele. Até que mais alguém parou à porta.
Nos espelhos distorcidos não vi o seu reflexo, e quem chegou pareceu não ligar a confusão que ali se tinha instalado.
Não ligou aos cabelos desgrenhados, a cara de poucos amigos, não ligou à imagem que eu tinha de mim, nem ao desinteresse por tudo o que novamente me rodeava.
Veio, e procurou a flor no meu regaço, procurou um brilho no fundo dos meus olhos, e amarrou-se... a mim, ao que julgava que era eu, mas que afinal era só uma imagem guardada por um espelho teimoso...
Eu há muito que partira, numa brisa de vento gelado, abraçada ao ponteiro mais pequeno do relógio de um suspiro que dali tinha saído.