Não sei dançar, desculpa, mas não sei dançar. Também não canto, não pinto nem escrevo poesia, não sou artista de qualquer espécie.
Sou eu… olha! Apenas eu.
Aquela que atira palavras pela janela na esperança de que elas aterrem no colo de alguém que as entenda.
As palavras nem são minhas, não me recrimines, são livres e voam na direcção que querem. E quem as encontra, como tu, vê nelas o que quer, como quer… são palavras, e por vezes viajam sozinhas, sem as companheiras certas do seu lado… eu apenas as deixo cair, e com um sopro de brisa elas vão, com o meu amante calado das horas que se arrastam por dias e semanas de sentimentos calmos, esse mesmo inimigo irrequieto dos segundos que voam em sentidos atordoados e confusos…
Com ele, o tempo. Esse ladrão de vidas, esse amante insaciável, esse assassino impiedoso que me leva as palavras sem pedir licença.
Desculpa, mas eu não sei dançar, carrego nos pés o chumbo da vergonha disso mesmo, do desajeito em que vivo, do ritmo que nunca me bateu à porta, do sentimento de que não faço parte dessa melodia que tanto amo, mas que não consigo acompanhar.
Desculpa, mas eu não sei mesmo dançar. Contudo podemos ficar por aqui, sossegados, a partilhar a conversa dos dias que passamos sem nos ver, a rir das palavras sem sentido que encontrámos por aí, a viver um pouco em conjunto.
Nem tudo é dança, nem tudo é melodia, nem tudo é arte.
Não, não sou artista, não canto, não danço, não pinto. Um pedaço de barro nas minhas mãos irá ser sempre um pedaço de barro, e de uma pedra nunca verás mais que uma pedra, sou assim, simples.
As danças foram feitas para ser dançadas por quem queira, por quem goste, por quem sinta vontade, mas não por mim, não quando o chumbo me faz arrastar os pés, não quando no meu rosto não está tatuado o prazer dessa emoção, dessa vida, desse momento único que é dançar ao ritmo de algo que nos apaixona.
Desculpa, mas hoje não danço contigo…Amanhã, amanhã talvez até te peça para me ensinares, como me ensinaste tantas outras coisas que eu não conhecia. Mas hoje, aqui, agora, quando o tempo urge em me levar para outro lado, hoje não danço, hoje largo as palavras naquelas janela, e deixo-as irem no sabor do vento, encorajo-as a aprenderem a dançar, para um dia me levarem com elas.
sexta-feira, janeiro 12, 2007
sábado, janeiro 06, 2007
Vento
E veio o vento, forasteiro acabado de chegar de um deserto longínquo. Vento de outros dias, quente como as tuas mãos... abafou o som de soluços solitários, e secou a vontade de deixar as lágrimas caírem.
Esse vento, forasteiro, não levou o frio da tua ausência, apenas o disfarçou por um instante. Também não fez com que eu te esquecesse, e perdesse os motivos para chorar, apenas me fez ter vontade de esconder tudo, um pouco mais fundo.
Mas o forasteiro não tem culpa, veio de repente, e apenas de passagem. Não sabia das correntes que me amarram a esta folha de papel, e que me impedem de voar com ele. Também não sabia do frio que me povoava a alma, e por isso não tem noção do efeito devastador que este calor repentino vai ter nas lágrimas do futuro...
Esse vento, forasteiro, não levou o frio da tua ausência, apenas o disfarçou por um instante. Também não fez com que eu te esquecesse, e perdesse os motivos para chorar, apenas me fez ter vontade de esconder tudo, um pouco mais fundo.
Mas o forasteiro não tem culpa, veio de repente, e apenas de passagem. Não sabia das correntes que me amarram a esta folha de papel, e que me impedem de voar com ele. Também não sabia do frio que me povoava a alma, e por isso não tem noção do efeito devastador que este calor repentino vai ter nas lágrimas do futuro...
(Julho de 2006)
Ando por aí, não sei onde, não em que tempos caminho, as horas voam. a escola ocupa-me o tempo, e a cabeça vai andando por aí, atenta ao sopro do que passa...
desculpem a ausência.
um beijo
R
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