Somos a geração do botão.
Nascemos com computadores e consolas nas mãos, conhecemos a internet como os nossos pais conheciam as ruas das suas aldeias ou cidades.
Do nosso país conhecemos o nome e pouco mais, já que em menos de nada alcançamos qualquer resposta que nos exijam. O nosso telemóvel (este de onde escrevo, por exemplo) tem mais funções que qualquer super-computador do século passado.
Nascemos alfabetizados, mas não lemos nem escrevemos, todos com cursos, mais ou menos inúteis, todos na mesma luta infame, que não nos leva a lado nenhum.
Somos a verdadeira geração 3D! Doutores, desiludidos e desempregados! Podia acrescentar mais uns, talvez passíveis de ferir susceptibilidades... As drogas sempre à mão, as DST's sempre a espreita, o desinteresse geral, a desigualdade, o desleixo, a desresponsabilização... Nascemos com tudo, até a capacidade de usar palavras com mais de 2 silabas, mas não queremos saber de nada.
Um charro e uma cerveja apaziguam o que nos resta de massa cinzenta, e o riso fácil disfarça o medo do futuro que espreita.
Desvalorizados pelos nossos antecessores, e talvez tenham razão, mas foram vocês que não tiraram tempo das vossas agendas para nos ensinarem a ser melhores.
Preferimos passar décadas nas faculdades, aí, pelo menos por enquanto, ainda conseguimos incentivos do estado ou dos pais. Quando também esses terminarem, e já faltou mais, apenas nos restam as longas filas nos centros de "desemprego", e as horas a fundo perdido a enviar o curriculum, modelo europeu, claro, ao qual ninguém responde. Querem licenciados, bonitos, com 20 anos, experiência, de preferência sem compromissos e a custo zero! Mais vale procurarem o príncipe encantado...
Damos mais uma passa no cigarro cravado ao vizinho, publicamos mais uma mensagem de revolta no facebook, e planeamos revoltas que jamais concretizamos.
"se eu mandasse" é o mote do dia para mais uma discussão acesa, entre supostos entendidos de vão de escada. "fazia e acontecia"! Mas não voto porque não concordo, e assim jamais irás mandar. E se calhar ainda bem, não fossemos nós cair no erro dos restantes bem-intencionados que acabam iguais aos outros gordos, que comem, bebem e enchem os bolsos à custa dos meus pais. Sim, porque eu não tenho ordenado, e não pago impostos, com o meu dinheiro pelo menos. Se fosse eu a mandar, corria o risco de desiludir ainda mais os que me são mais próximos, e vir a ser chamada de déspota ou ditadora... Ou pior! O que era antigamente uma posição de senhores respeitados, é hoje uma ofensa, políticos são a escória na boca do povo, que talvez tenha razão.
Por isso mantenho-me na minha condição de Dra. (ou Eng. ou Arq.) do meu sofá, reclamo de tudo, não mudando nada, e criticando permanentemente os chauvinistas que estão no poder, sem mexer mais que 2 ou 3 dedos.
É a mentalidade! Não são só os políticos com a sua crise, nem os jovens irresponsáveis. É esta mentalidade pequenina que nos acompanha há tempo demais, e nos faz nascer a olhar para o próprio umbigo, com um dedo esticado a apontar a culpa a outro qualquer.
Mas esta, é só e apenas, a opinião de mais uma dra, tão falida e ignorante como o país onde nasci.
quarta-feira, abril 13, 2011
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