terça-feira, julho 26, 2005

Leva-me contigo

São anos e anos de sentimentos escondidos no mais profundo cantinho da minha alma, são demasiados pensamentos guardados, demasiados sorrisos forçados. São demasiados sentimentos de exclusão por uma diferença que já não me faz feliz, são demasiados segredos guardados pelo bem do socialmente correcto. São medos que me consomem, são incertezas que me atormentam. És tu que já não és meu, nem em sonhos, porque já não tenho sonhos, até eles fogem de mim assustados com a pessoa que me tornei…
Não resta nada da mulher doce e confiante, sempre presente e atenta ao mundo, que sorria por qualquer motivo, e ficava feliz com quase nada… fiquei eu, amarga, com uma lágrima sempre escondida pelas desculpas banais de cansaço e sono, e estudo, um cisco que entrou para o olho… está muito fumo aqui dentro, o que seja, desde que afaste os olhares atentos e as perguntas. E as circunstâncias ajudam, porque perguntas são feitas e um inicio qualquer de resposta serve, porque há sempre mais alguma coisa a chamar-vos a atenção, e nunca param para ouvir o resto, isso evita mentiras de que correu tudo bem, ou que foi muito giro. Um mais ou menos resolve tudo, e o silêncio que se segue nunca é notado.
Vocês vão e eu fico com o meu silêncio, a minha alma quieta, já não voa ela, sabias? Como uma arara a quem lhe cortaram as penas, a minha tristeza impede-a de sair daqui, já nem ela é livre… o silêncio, o meu amado silêncio, meu eterno companheiro de sempre, és o único que esteve sempre lá… leva-me contigo!

14/02/2005

sábado, julho 23, 2005

Amar de novo

"Sei que um dia vou amar de novo… tenho que… preciso mesmo de amar novamente. Mais que isso, preciso de ser amada. Precisos dos meus risos luminosos que sempre faziam os meus olhos brilhar, e faziam os outros sorrir.

E para sorrir, tenho que amar. Amar muito! Mesmo sabendo que pode não durar para sempre, quero amar como se não existisse amanhã, fazer juras de amor eterno, e sonhar um futuro promissor. Dizer disparates e rir-me deles com alguém que diga tantos disparates como eu. Quero roubar um beijo impossível e rir-me com ar malandro depois de o fazer. Tudo isso é amor, como as discussões fazem parte do amor, e depois fazer as pazes… entregar-me cegamente, como quem se deixa cair de costas para o abraço de alguém. Alguém irá amparar a minha queda, e far-me-á feliz, por muito, ou pouco tempo, mas feliz. Quero a vida como uma poesia, com aquele ritmo mágico, quero segredos nossos, e risos, muitos risos.

Vou amar de novo. Preciso… de amar de novo."

17/06/2005



segunda-feira, julho 18, 2005

Adeus...

Adeus porque quis abraçar a chuva como um dia te abracei a ti, e a chuva abraçou-me fria e húmida...
Adeus porque quis sussurrar ao vento que te amo, como um dia sussurrei a ti, e o vento sussurrou-me a tua ausência...
Adeus porque te amei demais para te pedir que ficasses...
Adeus porque não me amaste o suficiente para ficar sem que te pedisse...
Adeus porque uma parte do meu coração estará sempre contigo, embora eu saiba que não devia...
Adeus porque os longos abraços à chuva só são possíveis a dois, e porque nem o sol aquece o lugar vazio ao meu lado...
Adeus porque quero voar, quero descobrir o que há atrás das nuvens que deixaste... Talvez o sol, talvez a lua, mas sem te deixar partir nunca irei saber.
(20/05/2001)


Quando partiste chorei a tua ausência em silêncio, e durante meses escondi a dor atrás de um sorriso que afastava as perguntas. Decidi mudar, de visual, de hábitos, de paixões, de vícios, de atitudes... e consegui, guardei os ténis para as noites em frente à lareira e para as (ainda raras) manhãs de desporto, as jeans para os fins-de-semana, as t-shists largas para dormir, e substituí tudo isso por um guarda-roupa diferente, "mais adulto" disse a minha mãe, mais igual a mim disse eu. Deixei aquele hábito irritante de dormir demais, e as horas que ganhei retomei a minha velha paixão pela leitura.
Passo mais tempo a fazer o que gosto, e menos tempo a falar mal dos outros. Tornei-me mais condescendente com o mundo, e mais exigente comigo. Antes do final do ano decidi que teria que me despedir de ti devidamente, para ficar finalmente livre. Escrevi uma carta, que transcrevi em cima, e quis queimá-la na passagem de ano, acabei por fazê-lo na data em que me anunciaste a tua partida, e agora posso dizer-te que mudei finalmente, e estou pronta para a Vida.
Obrigada, por tudo.
(25/05/2002)

sábado, julho 16, 2005

Desenho ingénuo

"Olhei o céu e perguntei-te se vias a magia a flutuar por ali, se sentias as nuvens a acariciar-te o rosto, se conseguias ver os seus sorrisos, as suas lágrimas… disseste-me que não, que eram apenas nuvens brancas, iluminadas pelo sol madrugador.
Deitei-me na rua, com uma folha de papel e uma caixa de lápis de cera. Na folha desenhei o céu azul, o sol, e as nuvens. Copiei tudo o que via, e quando dei por mim já a folha não era suficiente, e eu já desenhara nuvens pelo alcatrão fora, desenhei nos passeios e nos muros. Desenhei tanto que gastei o lápis azul, e o branco. E comecei a pintar noutras cores, até ter terminado a caixa inteira, e me doerem as mãos de tanto tentar mostrar-te o que era que eu via naquelas nuvens.
Disseste-me que finalmente percebias o que eu te queria dizer, que não havia nada mais belo. Mas eu subi ao telhado, e não vi o que via no céu. Só rabiscos de cores diferentes, que em nada se pareciam com o que eu queria pintar. E desci, desiludida, com as lágrimas a escorrerem-me pelas faces, e tu deste-me um abraço confortável. Disseste-me que te ias deitar naquela rua todos os dias, porque aquele desenho era mágico, sentias os meus gestos no toque da cera com que desenhara. Ias-te deixar impregnar daquele cheiro para sempre, e ias ficar a olhar para o céu, porque era lá que eu estava, deitada nas nuvens a sorrir para ti.
Se calhar é isso… eu moro nas nuvens brancas sobre um céu azul, e tu num desenho ingénuo pintado a lápis de cera…"

(27/06/2005)

terça-feira, julho 12, 2005

Diary - Alicia Keys

Lay your head on my pillow
Here you can be yourself
No one has to know what you are feeling
No one but me and you

I won't tell your secrets
Your secrets are safe with me
I will keep your secrets
Just think of me as the pages in your diary

I feel such a connection
Even when you're far away
Ooh baby, if there is anything that you fear
Call for me, 489-4608 and I'll be here, here

I won't tell your secrets
Your secrets are safe with me
I will keep your secrets
Just think of me as the pages in your diary

Only we know what is talked about, baby boy
I don't know how you can be driving me so crazy, boy
Baby, when you're in town why don't you come around, boy
I'll be the loyalty you need, you can trust me, boy

I won't tell your secrets
Your secrets are safe with me
I will keep your secrets
Just think of me as the pages in your diary

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Percorri o teu corpo com a ponta dos meus dedos mornos... em sonhos, claro. Abracei-te com força, e reconfortei-te. Enxuguei as tuas lágrimas, e em sussurros ao ouvido disse-te que vai ficar tudo bem. Coloquei a minha mão aberta no teu peito desnudo, mesmo em cima do coração, e senti-o amansar, enquanto trauteava esta canção.
As noites sucedem-se aos dias, confundem-se uns com os outros. As paisagens são pintadas à mão, mas todas iguais. O sonho é sempre o mesmo, os pormenores não mudam... Dias? Noites? Não interessa. Eu e tu... sempre juntos, mas nunca unidos.

... sem titulo ...

As pessoas mudam... as mentalidades evoluem, se assim não fosse, hoje não seríamos quem somos, nem o mundo seria assim.
Eu mudo, sempre mudei, e continuarei a mudar. Recuso-me a estagnar, a ficar parada no tempo, agarrada a um passado qualquer. Aprendi a amar-te assim, e aprenderei a amar-te de um outro modo, porque a amizade irá prevalecer... mas tu também mudaste, eu mudei algo em ti... e um dia, tu irás descobrir que apenas procuravas quem esteve sempre ao teu lado...
Mas sabes o que vai acontecer?... e digo isto com um sorriso impregnado de lágrimas, porque não queria que fosse assim, irónico... quando tu te aperceberes que era eu, que te amei mais que ao mar, a lua e as estrelas todas juntas, quando vires que era a minha simplicidade que tu procuravas, quando acordares, irás descobrir que tudo isso se rendeu à incondicionalidade da amizade que tanto queres. E sabes? Eu vou-me magoar de novo, por não corresponder ao amor que vais sentir... é irónico, mas nós fomos feitos um para o outro, mas para nunca nos amarmos no mesmo espaço temporal.
A tua vez vai chegar, e eu vou estar lá a chorar contigo, mas não serei capaz de te amar, não como amo hoje, como amei ontem, e em todos os dias antes de ontem... acho que te amei toda a minha vida, sem saber quem eras. És tu, hoje, e amanhã... e se calhar por mais algum tempo depois disso... mas depois, quando o meu coração se cansar de esperar por ti, o teu vai acordar, e a distância vai ser grande demais...

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Ainda está sem título... aceito sugestões =)

quarta-feira, julho 06, 2005

Entrelinhas

E o tempo parou de repente. Ouve-se… NADA! O restolhar de folhas confusas, canetas que correm apressadas… tudo isso é NADA! Porque as canetas correm, cheias de pressa, mas sem destino, porque não saem do mesmo sítio, ficam agarradas a algo que não sabem bem o que é, mas correm como se amanhã não fosse existir.
Em parte, também eu sou assim, corro, mas fico quieta, corpo estático, a agarrar uma caneta, e a alma vai correndo… à procura, do Futuro? Não sei… mas corre à mesma. O destino é irrelevante, o objectivo também, o que importa mesmo é correr, até não ter mais forças, é DAR, o melhor de mim, sempre, sem me importar se alguém o vai receber ou não. Porque é assim que eu aprendo, e que vou sendo feliz, porque mostro ao mundo, e provoco-lhe sorrisos, com insignificâncias que eu torno memoráveis, porque para mim, elas significam algo.
E então corro, cada vez mais, porque o pequeno mundo em que vivemos é grande demais para eu ficar parada… porque quero-lhe mostrar (ao mundo inteiro!) tudo o que me apetecer, e neste momento, apetece-me mostrar mesmo tudo, a começar pelo efeito da tinta desta caneta, sobre um papel, onde a tinta foi despejada, e há de continuar a ser. Mas a caneta é como eu… corre, corre e dá, mas nunca dá tudo o que queria dar, nem é tudo o que queria ser…
Mas a caneta, e eu também, tem sempre as entrelinhas, que é quando pára (ou paro eu…) para receber, é quando damos oportunidade aos outros de se partilharem um pouco, e depois corremos juntos no silêncio cúmplice de sabermos que estamos ali, e que esse pequeno nada nos faz feliz…
Como o restolhar da folha de um plátano lá fora, que quebrou o silêncio de outros restolhares… bem mais próximos de mim, mas bem menos importantes… porque não foi a tinta da minha caneta que cobriu aquelas páginas, mas foram os meus olhos que seguiram o movimento da folha, desde que caiu, até que foi arrastada pelo vento para uma corrida… como a minha? Quem sabe…