À noite quase me consigo esquecer do teu rosto, aconchego-me em frente a um filme a acabo por adormecer sem pensar em ti, as horas passam, e eu durmo tranquilamente.
Mas o dia chega sempre cruel...
Hoje quase te senti a caminhar ao meu lado, a tua mão a procurar a minha insistentemente, e eu a fugir, rindo-me como uma criança traquina. Porque procuravas sempre a minha mão, e eu fugia sempre para te provocar. Senti o teu respirar no meu pescoço, os teus beijos suaves e fugazes. Senti a tua presença e tive saudades.
Senti o sabor do teu beijo, ainda sinto. O roçar ansioso dos teus lábios na busca pelos meus, aqueles beijos fogosos e demorados que sempre me faziam render. Baixei as defesas e deixei-te aproveitares-te de mim, uma última vez. Sonhei acordada pelas ruas cheias de gente desconhecida.
Nunca estivemos juntos aqui, e no entanto consigo construir memórias nossas como se tivéssemos estado. Cada passo, cada conversa, cada tema de que poderíamos falar, cada resposta que poderias alvitrar. Virei a cabeça várias vezes para ver se estarias aqui, para criticar alguém que passava, ou para te perguntar se querias parar e tomar algo.
No meio daquela multidão, o teu rosto não surgiu uma única vez. Senti-te. O teu corpo apertado contra o meu no metro apinhado, os teus atrevimentos brincalhões no meio daquela gente toda, os meus sorrisos, as tuas gargalhadas… eu a reclamar do calor, e tu a chegares-te mais a mim buscando a minha pele fresca, as discussões amenas e propositadas que nos davam mais um motivo para um beijo, como se precisasses de um motivo para me beijares.
O teu gesto habitual de me desviares o cabelo dos olhos, os cuidados gentis, os hábitos que estão a custar a passar.
No meio daquela multidão, o teu rosto não surgiu uma única vez. Senti-te. O teu corpo apertado contra o meu no metro apinhado, os teus atrevimentos brincalhões no meio daquela gente toda, os meus sorrisos, as tuas gargalhadas… eu a reclamar do calor, e tu a chegares-te mais a mim buscando a minha pele fresca, as discussões amenas e propositadas que nos davam mais um motivo para um beijo, como se precisasses de um motivo para me beijares.
O teu gesto habitual de me desviares o cabelo dos olhos, os cuidados gentis, os hábitos que estão a custar a passar.
Em casa continuei a ver-te em todo o lado, fizeste-me cócegas enquanto estava a cozinhar, e eu abracei-te por trás enquanto lavavas a loiça, e terminamos cheios de sabão e molhados até aos ossos. Tomámos um banho demorado juntos, terminei com uma massagem nas tuas costas perfeitas e deixei-me adormecer assim, encostada ao teu corpo desnudo e embalada pelo teu respirar pausado.
Sonhei o dia todo, e cada imagem foi uma facada nas memórias que tenho tentado esquecer. Já não te quero comigo, mas tenho saudades de te ter. Sou uma incoerente, uma insatisfeita! Não te quero, mas em dias como hoje, quando a tristeza bate à porta e as horas parecem não passar, sinto a tua falta, porque descobrias sempre uma maneira de fazer o tempo passar mais depressa.
Será que ainda sentes o cheiro do meu cabelo acabado de lavar? Que tens saudades das minhas brincadeiras? Será que ainda conheces os meus gestos de cor? Que ainda sonhas comigo? Que ainda queres ver o meu rosto todas as manhãs? Será que ainda és a pessoa que conheci?
Será, que ainda te lembras de como era sermos nós?
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