sexta-feira, setembro 12, 2014

"Se fosse fácil ser, a ausência de desafios levar-te-ia ao desespero.
Se fosse justo, qualquer um encararia a vida de cabeça erguida.

Se fosse lógico... se ao menos fosse lógico...

Não sei, nem sei se quero saber, a procura incessante por algo mais, a insatisfação nas poucas simplicidades ao meu redor, a tristeza que impera nos dias. Tristeza essa, que nem sei se de tristeza se trata, apenas um nada qualquer que me leva a ponderar os propósitos.

Se ao menos fosse linear...

...não sei. Essa expressão que impera neste império vão, é de facto uma resposta válida na nossa ignorância diária, às vezes rasgada por momentos alucinados de uma clareza quase pura, e mesmo desses, nada sei.

Às vezes superior a tudo isso, num riso despreocupado, vivendo pequenos instantes e sugando-lhes um êxtase absurdo que não consigo explicar. E depois? O ridículo de vidas vividas em rotinas cansativas, que desesperam quem as vive, quem não tem alternativa, porque a rotina já não é uma escolha, é um trilho tortuoso e obrigatório.

Se ao menos conseguisse explicar...

Queria trazer os meus fantasmas e mostrar os meus porquês, ou, na impossibilidade do absoluto, um ou dois dos meus porquês. Mas queria-o sem consequências, apenas compreensão silenciosa, mas...

(entrelinhas?)

Vai ficando nas entrelinhas esquecidas, e vou levando a minha ausência de rotina, um dia de cada vez.

Não sei ser diferente, não sei explicar, não consigo ser melhor e também não quero ser pior. Não adivinho o futuro e não me deixam mudar o passado. Talvez tenham sido só sonhos menos bons, criados pela fertilidade da minha imaginação cansada pelo cinzento dos dias.

Se ao menos eu soubesse alguma coisa, esta ignorância frustrante de saber que há algo, que tens a capacidade de compreender, mesmo ali à frente, mas não tens um único vislumbre do que se possa tratar.

Se ao menos fosse coerente... Talvez eu não fosse eu, e se assim fosse, quem o seria por mim?"

Os minutos continuam em pequenos nadas, gestos mais ou menos significantes que preenchem aquele cantinho aconchegado. Motivos egoístas? Talvez. Não sei ser o que esperam que eu seja, nem conheço forma de transmitir o que tudo isto significa. Não sei contornar os obstáculos sem os compreender, e a intuição (será esta a palavra?) leva-me a atitudes iguais a mim.

E se ao menos isto fizesse sentido, não ficaria este amargo no ar, ou no papel, ou naquele cantinho aconchegado, que só e sei onde fica...

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