segunda-feira, outubro 13, 2014

Se te soubesses indesejado, ficavas?

Se a tua infância fosse um retalho de imagens da felicidade alheia, permanecias?

Se te revisses em cada defeito do mundo, paravas?

E se nada em ti fosse suficiente, e ninguém te pedisse para que não fosses, aguentavas mais um dia?

E se respirar te matasse de mansinho, sorrias?

E na ausência de opções, qual seria o teu próximo passo? Isolavas-te, ou corrias?

Todos somos assombrados, por um, ou vários demónios, medos ou inseguranças, traumas ou apatias, mas o que fazer quando é de ti que tens medo?

Para onde ir quando estás encurralado na tua própria garganta?

Como continuar a ser? Rir? Amar?

Se à tua volta todos encaixam mas tu és rejeitado por seres diferente num embalagem como as outras.

Porque para ti qualquer nada tem de servir e porque sabes o que pensam, ou o que sentem, sem que nenhum gesto esteja lá para confirmar.

Será que vales a pena? Não serás apenas mais um que vai sobrevivendo?

Um desperdício de espaço, um entrave em tantas vidas?

E se ao final de dias de silêncio ninguém te procurou, perguntas-te o que fazes aqui? Ou bebes mais um copo na esperança que amanhã seja melhor?

E se deixasses de ser, será que o mundo sorria? Ou, como os restantes, não dava pela pequena ausência?

E se o mundo acabasse hoje, quem é que ia querer estar ao teu lado para dizer adeus?

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