terça-feira, junho 14, 2016

Sentes-te a cair e sabes que não há uma rede de segurança. Não vês o fundo e a paisagem confunde-se com os pesadelos que te atormentam.

Tentas gritar, mas o ar prende-te os movimentos, não emites nenhum som, não te consegues mexer, não consegues ver.

Enclausurada em mim, lágrimas dançam no meu peito mas controlo-as, como sempre, encerro os sentimentos no mais íntimo da minha existência.

Não pode ser assim, dói pela antecipação do desastre, que sabes que está para chegar e não o podes evitar.

Porque a vida te provou, vezes sem conta, que és dispensável, e ainda assim sonhas em ser o centro da vida de alguém, numa ingenuidade infantil que desprezas.

Palavras doces são insuficientes, falta alguma coisa e ainda assim atiras-te, esqueces, nem que seja por um momento, esqueces o pânico, a dor, o que sabes ou achas saber, e saltas...

Dói, sabes que dói. Destróis-te por dentro e sabes que os danos podem ser irreparáveis, mas saltas, deslizando pela doçura de palavras nas quais não acreditas, imaginando as escarpas que te aguardam no fim da queda livre. Muda, com um nó apertado na garganta, mesmo sabendo que o teu silêncio tem um preço...

As palavras saem-me dos dedos, porque o anonimato de não sentir os teus olhos expectantes nos meus permite-me ser...

Saltei mas estou à espera que doa. Aguardo num misto de adrenalina e pânico, porque sei que vou sentir o impacto, que a pele se vai rasgar por dentro, sei...

Saltei sem rede, sem norte, sem coragem, mas saltei, e agora nada falta senão esperar...

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