domingo, janeiro 27, 2008

Fácil de Entender

"Talvez por não saber falar de cor, Imaginei
Talvez por não saber o que será melhor, Aproximei
Meu corpo é o teu corpo o desejo entregue a nós
Sei lá eu o que queres dizer, Despedir-me de ti
Adeus um dia voltarei a ser feliz


Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor,
não sei, o que é sentir, se por falar falei
Pensei que se falasse era fácil de entender


Talvez por não saber falar de cor, Imaginei
Triste é o virar de costas, o último adeus
Sabe Deus o que quero dizer


Obrigado por saberes cuidar de mim,
Tratar de mim, olhar para mim, escutar quem sou,
e se ao menos tudo fosse igual a ti[2x]


Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor,
não sei o que é sentir, se por falar falei
Pensei que se falasse era fácil de entender


É o amor, que chega ao fim, um final assim,
assim é mais fácil de entender[2x]


Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor,
não sei o que é sentir, se por falar falei
Pensei que se falasse era fácil de entender"


The gift, fácil de entender


para ti, a quem um dia disse tudo...


quarta-feira, janeiro 23, 2008

Hoje

Hoje não queria morrer. Há muito muito tempo atrás sim, mas hoje? Não. Hoje eu estava disposta a dar os passos todos que tinham que ser dados. Disposta a terminar todas as etapas, disposta a sorrir a viver um pouco, a experimentar os caminhos que me apontaste, a apreciar as pessoas e as conversas, hoje eu estava disposta a fazer essa “amizade” durar para sempre.Mas hoje achaste que não, talvez te tenhas cansado da monotonia de uma amizade assim, ou tenhas tido medo da ausência que vem a seguir, simplesmente achaste que não, e mataste-me.Arrancaste-me ao teu dia-a-dia, e foi como se nada se tivesse passado na tua vida.Hoje, talvez tarde demais, hoje eu precisava de viver, mas hoje tu mataste-me… porque me tiraste o porto onde me segurava, e o horizonte parece agora demasiado longínquo para eu nadar até lá.Hoje é um dia demasiado relativo, para ti é o futuro, e para mim, hoje, é o passado que regressa trazendo a vontade de desistir de amanhã.

segunda-feira, janeiro 21, 2008

...

Repito-me, porque na vida tudo se repete... vezes e vezes sem conta.

"Como a peça de um puzzle que teima em não encaixar em lado nenhum. Isolada comigo mesma, não importa para que lado me vire, apenas encontro mais espaços vazios. Não há amigos ou família que me valham, porque também aí nunca encaixei.A solidão não me incomoda, nunca me incomodou. As refeições sozinha também não. Apenas começam a pesar as lágrimas que guardei nos bolsos, e as palavras que escolhi nunca dizer. Pesam as toneladas de sentimentos que nunca demonstrei, pesam os problemas que guardei para mim mesma. As preocupações, os medos, as euforias contidas. Pesa-me a minha própria sombra…Sinto o coração a diminuir de tamanho, as dores dos outros começam a deixar de me preocupar, à medida que vou sendo atropelada pela realidade da minha própria vida. Vida que não é vida, nunca foi. São passos mecânicos que vou dando ao longo do tempo, sem sequer me aperceber deles, tudo o que eu sou, o que eu fui, as metas, os desejos, eu mesma, a pessoa que gostava de ser, tudo isso ficou cá dentro, pura e simplesmente porque não se encaixava lá fora. E eu nunca quis ter que forçar-me a encaixar em lado nenhum.Continuo à deriva por aí. Sorriso de plástico colado no rosto, observando os outros, dando uma mão quando alguém precisa, mas ao fim do dia regresso ao meu canto. Envolvo-me nas minhas coisas e choro, porque mais uma vez me escondi em mim mesma, pelo bem das aparências, mais uma vez escolhi mostrar apenas o lado bom, pus mãos à obra, e esculpi uma nova pessoa aos olhos do mundo.Desenhei-a em cima do joelho, contornos bem carregados, interior meio difuso, para ninguém conseguir ver o que lá vai dentro.Tenho as lágrimas tatuadas no meu rosto, e no entanto ninguém parece dar por elas. O meu único desejo era conseguir desistir, mas não posso. O meu mais alto objectivo, era ser de facto transparente. Sinto-me assim, a cada dia mais, mas continuo a ver o meu reflexo no espelho, continuo a sentir os soluços virem de dentro. As mãos continuam roxas de frio, as faces rubras da raiva de ser assim.Não pedi a ninguém para nascer. Não há nada que me leve a querer ver mais um dia nascer, sei que o mundo irá continuar sem mim.Estou demasiado perdida, no labirinto de mim mesma já bati em demasiadas paredes, e em nenhuma delas gritei, porque algures no caminho encontrei uma placa que dizia “Não incomodar”. Eu não incomodo, juro que não. Fico aqui quietinha, e amanhã saio de novo à rua com um sorriso forçado. E no outro dia também, e no outro, e no outro… e no fim, quando eu morrer, as pessoas que ficarem não se hão de recordar do meu nome, serei apenas aquela miúda caladinha que tinha sempre um sorriso nos lábios."
18/11/05

... palavras de um dia negro

"A chuva caía na rua, pingos finos, estridentes nas pequenas poças que se acumulavam na estrada. Não havia ninguém na rua, o final de um sábado desconfortável era sempre assim, as pessoas fugiam para as suas casas quentinhas, e ele ficava ali, jogado no meio da rua, ao frio, ao vento...

Já não sabia viver senão assim, havia sempre alguém que lhe dava um agasalho, e tinha sempre a sopa quentinha ao cair da noite, junto ao lar de idosos. Mas hoje sentia-se diferente, algo não estava bem... um desconforto extra, inexplicável, porque dias como aquele traziam-lhe sempre boas recordações.

Chamava-se Joaquim Ernesto Santos Pardal, e tinha nascido há quase 40 anos na bela cidade de Luanda. Os pais haviam regressado a Lisboa sem nada, e haviam morrido de fome e frio há mais de 30 anos. Joaquim ficara entregue a orfanatos, de onde saíra com 18 anos, para trabalhar.

Cedo desistiu, e se meteu em tudo o que havia de mau, experimentara todas as drogas, dormira com todas as mulheres, da pior reputação, roubara, destruíra, embora nunca houvesse ferido ninguém. Não gostava de trabalhar, e não precisava, vivia na mesma, e livre, como gostava de pensar.

Era um homem grotesco... atarracado, com uma barba grande e malcheirosa, o cabelo bem comprido, roupas rasgadas, com um cheiro animalesco, um chapéu que um dia fora branco, mas que hoje era um emaranhado acastanhado de fios e ninhos de piolhos, possuía um olhar esgazeado, em tons de castanho, quase negro, e a sua pele estava tão queimada e rasgada pelo frio, parecia esculpida em pedaços de xisto.

Nunca saía do cais... no máximo, passava por Santos à procura da dose diária... e não se lembrava de ter viajado para além do Marquês, o dinheiro vinha sempre até ele.

Sentia-se demasiado importante, demasiado livre para se dar ao trabalho de gastar energias assim.

Estava no meio do Bairro Alto, e subia calmamente a Rua do Alecrim para se ir encontrar com o trafulha do Armindo nas traseiras da estação do Chiado, dizia ele que tinha produto do bom, quando viu que em sentido contrário descia uma miúda a chorar.

Joaquim não pensou, encostou-lhe a sua faca de algibeira à barriga e de repente a miúda agradece-lhe, agarra-o e faz com que a faca se espete no seu ventre.

Ele correu, chorou como nunca, e correu, entrou na estação e saiu de Lisboa, para nunca mais voltar.

Maria, a miúda chamava-se Maria. Tinha 14 anos, acabara por sucumbir depois de meia hora no meio da rua sozinha. Na sua sacola haviam encontrado uma carta de despedida, pelos vistos ia a caminho da linha do comboio, para mais uma tentativa de suicidio.

Joaquim morreu no dia seguinte, com um ataque cardíaco, no entroncamento, à espera do comboio que seguia para Coimbra."

PS - as personagens, acontecimentos e nomes são pura ficção... (de um dia muito negro!)

domingo, janeiro 20, 2008

Suspiro...




Suspiro, como o suspiro de um fantasma...




Se eu morresse hoje, era assim, como se nada fosse, algo suave, que desaparecia com um rasto amargo, quase imperceptível, que iria deixar meia dúzia de cabeças voltadas a pensar o que se passava ali.


Só os fantasmas iriam suspirar... um deles havia partido...

Forget-me-not

sexta-feira, janeiro 18, 2008

Logo se vê

E do modo mais inesperado o horizonte abriu-me as suas portas... o deslumbramento do que se deparava à minha frente silenciou tudo o resto, como se de mim mesma me fizesse esquecer, e agarrando-me pela mão, levou-me a conhecer o mundo lá fora.


Fascinada, segui aquele trilho percorrido milhões de vezes por pessoas perdidas como eu, corri por ali, estaquei, apreciei, vivi e morri num momento qualquer que ninguém viu, mas a esperança voltou a mim... sim, talvez ainda seja possivel seguir em frente, talvez ainda hajam pessoas lá fora, se calhar a mudança é suficiente, e nas etapas que hão de vir, o estar sozinha não seja um entrave...


Talvez seja suposto amar assim em silêncio para sempre, e seguir para outro lado qualquer contigo no coração, e os olhos noutro lado qualquer...


Porque a incerteza me acompanha há tanto tempo, tenho a consciência que ainda te amo um pouco, de um modo diferente, mas que de uma maneira ou de outra, continuas presente em mim, porque não te quero ver partir... porque te admiro de uma maneira muito especial, porque às vezes quero acreditar que me conheces como ninguém, e porque tinhas razão, a solução aparece sempre, e tudo vai correr bem!


Hoje quero acreditar que sim... tudo vai correr bem, porque tu disseste que sim, e eu quero que sim, e se não for verdade não vai fazer diferença, não hoje, e amanhã... logo se vê.

sábado, janeiro 05, 2008

"E de mim me desprendo... sem vontade de ir nem ficar... dormir sem ter horas, dormir para sempre, dormir até que descubras a verdade e me libertes desta minha agonia de ser eu mesma sem sequer existir.


Vontade de abandonar tudo... de correr até que a pulsação acompanhe os raios de luz que outrora te iluminaram e te fizeram um pouco meu, porque te vi ali e sabia que nunca mais te voltaria a ver.


Desespero de ser ignorada, revolta, agonia... OUVE! Sei que não falo muito, e do pouco que digo a maioria são disparates, piadas, palavras soltas que vos atiro para que nunca saibam quem sou, o que sou, ou sequer se estou, mas...


Não, as palavras já não me acompanham, estou só de novo, tenho tanta coisa para dizer, tanta coisa para contar, tanta coisa tão irrelevante e no entanto as palavras abandonaram-me e vejo-me forçada a soltar estes lamentos desesperados, estes gritos solenes, estes chamamentos incoerentes para que elas voltem, porque continuo a não gostar de mim assim..."








Algures, num tempo que nunca foi, numa noite solitária, em lágrimas derretidas e com soluços esculpidos pelas mãos de alguém que nunca soube quem sou, nessa noite eu perdi a capacidade de escrever. Por vezes tenho uma vontade tremenda de me agarrar de novo a folhas de papel soltas e deixar que as mãos sigam por ali... mas os resultados são sempre os mesmos...

Não sei de mim, se alguém me vir a passar, por favor mostrem-me o caminho de volta.