às vezes, e hoje é uma dessas vezes, sinto-me assim...
segunda-feira, junho 27, 2005
sábado, junho 25, 2005
Não sei...
Não sei porque é que andar à chuva me sabe tão bem, nem porque é que isso me lembra de ti, formulo hipóteses vagas, mas a resposta mantém-se...
Não sei porque penso tanto em ti, nem porque isso me magoa tanto, imagino que seja amor...
Não sei porque me custa tanto a adormecer sem ti, nem porque me custa ainda mais a acordar depois de sonhar contigo...
Não sei porque estou tão perdida, não sei porque é que o meu coração ainda bate, não sei porque choro, não sei porque disfarço tudo isto com um sorriso, não sei porque é que às vezes fico tão distante, não sei porque me torturo no meu próprio silêncio... não sei...
Só sei que a tua presença me acalma, e que a tua ausência magoa, sei que as lágrimas desaparecem com a chuva, mas as marcas ficam gravadas na minha alma como tatuagens...
(14/11/2004)
Não sei porque penso tanto em ti, nem porque isso me magoa tanto, imagino que seja amor...
Não sei porque me custa tanto a adormecer sem ti, nem porque me custa ainda mais a acordar depois de sonhar contigo...
Não sei porque estou tão perdida, não sei porque é que o meu coração ainda bate, não sei porque choro, não sei porque disfarço tudo isto com um sorriso, não sei porque é que às vezes fico tão distante, não sei porque me torturo no meu próprio silêncio... não sei...
Só sei que a tua presença me acalma, e que a tua ausência magoa, sei que as lágrimas desaparecem com a chuva, mas as marcas ficam gravadas na minha alma como tatuagens...
(14/11/2004)
______________
"Não sei" é uma resposta perfeitamente válida para tudo... não há motivos para querermos ter as respostas todas... descobri que me magoo menos quando questiono menos, aceito o que vem, e como vem, e aprendo a lidar com isso.
quinta-feira, junho 23, 2005
Silêncio
Como se escreve o silêncio?... Precisava disso agora, escrever o vazio que ocupa o lugar da minha alma, que não encontro em lado nenhum, escrever o compasso do meu coração, lento e inaudível. Escrever o meu olhar distante, marejado de lágrimas que insistem em não cair. Escrever a perturbação causada por opiniões tão sinceras e sentidas, mas completamente contraditórias...
Como se escreve a dor? A saudade?
Como se escreve a apatia? A necessidade de um abraço? De um colo reconfortante?
Como se escreve a insignificância? O egoísmo?... Não se escreve.
Sinto-me a mais egoísta das criaturas, preocupada com estes sentimentos que me atacam, e o mundo, que está virado do avesso...?
Como se escreve a dor? A saudade?
Como se escreve a apatia? A necessidade de um abraço? De um colo reconfortante?
Como se escreve a insignificância? O egoísmo?... Não se escreve.
Sinto-me a mais egoísta das criaturas, preocupada com estes sentimentos que me atacam, e o mundo, que está virado do avesso...?
(...silêncio...)
Texto antigo... mas hoje estou a precisar deste silêncio, de estar um pouco comigo, de me elogiar e criticar, de me rir de mim mesma, de chorar os meus erros... em silêncio...
segunda-feira, junho 20, 2005
Renascer
As palavras já não significam a mesma coisa. Por trás de cada uma delas não há nada escondido, significam só o que está escrito no dicionário, tudo o que eu dizia por trás de cada uma delas foi silenciado, e nada restou. Só um borrão de tinta numa qualquer folha de papel abandonada numa gaveta entreaberta. Deixei que o vento levasse todos os meus sentimentos velhos, e larguei os seus nomes nessa tal folha que larguei na gaveta. Significam pouco, apenas o que diz o dicionário. Porque os sentimentos que se escondiam atrás de cada uma delas voaram, porque eu quis que eles voassem. E deixei que a minha alma repovoasse o meu coração de sentimentos novos.
São ainda pequenos, indefinidos, não se transformaram ainda em nada nomeável… são os meus inomináveis sentimentos novos. Desta vez vou ter cuidado com eles, porque não os quero ter que abandonar ao vento, e por isso vou escolhê-los, um por um.
Sei que a minha alma trabalhou arduamente, percorreu o mundo à procura dos mais inocentes sentimentos para me repovoar o coração, e por isso agora aguardo mais um pouco em silêncio. Velo os sentimentos que estão para nascer, e a minha alma, que descansa finalmente à sombra de um suspiro.
São ainda pequenos, indefinidos, não se transformaram ainda em nada nomeável… são os meus inomináveis sentimentos novos. Desta vez vou ter cuidado com eles, porque não os quero ter que abandonar ao vento, e por isso vou escolhê-los, um por um.
Sei que a minha alma trabalhou arduamente, percorreu o mundo à procura dos mais inocentes sentimentos para me repovoar o coração, e por isso agora aguardo mais um pouco em silêncio. Velo os sentimentos que estão para nascer, e a minha alma, que descansa finalmente à sombra de um suspiro.
sexta-feira, junho 17, 2005
Ponto final e uma lágrima
Não me censures por eu não fazer um esforço para esboçar um sorriso. Não me odeies se eu não for falar contigo, nem se vieres falar comigo e eu demorar a responder. Não penses que deixei de gostar de ti só por aparecer menos vezes, ou mesmo se deixar de aparecer de todo. Não tentes descobrir o que se passa, porque eu também não sei bem, não penses que estou a deitar fora a amizade que temos, estou apenas a parar… a isolar-me um pouco no tempo, a reflectir sobre mim, a minha vida e o mundo.
Não me julgues, não esperes que procure o teu ombro, nem abraços, deixa-me sofrer só, isto passa, tudo passa, e mais tarde pedir-te-ei desculpa pela minha atitude de agora. Se eu não conseguir explicar os meus porquês, tem um pouco de paciência comigo.
O meu coração dilacerado já não sabe bem se há de continuar a bater, a minha alma está espantada com as ideias que me atravessam a mente. São pensamentos negros, sombrios, tristes… de tal modo tristes que a própria tristeza chorou amargurada quando os descobriu.
Não sei… também não sei. Não sei nada, sei que pus um ponto final algures na minha vida, e que ninguém quis fazer dele reticências, então que seja um ponto final mesmo, que não haja com ele uma virgula a assinalar só uma pequena pausa, que não haja outro ponto por cima a indicar o início de uma qualquer descrição, ou de uma fala, que não haja um tracinho a marcar a exclamação ou interrogação, que não haja nada, e seja só um ponto final… parágrafo ou não, hajam frases escritas a seguir ou apenas uma grande folha em branco deixada por uma vida vazia de tudo, hajam rabiscos de uma caneta deixada a correr ao acaso, ou apenas a alvura de uma folha deixada assim por uma alma imatura que se cansou de estar só.
Perdoa-me, por ser incoerente, por estar assim e não me importar, por fugir de quem amo, e pior ainda, por fugir dos amigos, perdoa-me se deixar que os pensamentos negros tomem conta de mim.
Não me censures, não me odeies, eu faço isso sozinha, tem só um pouco de paciência, a resposta chegará em breve, e será tão definitiva como o ponto final e a lágrima que o seguiu.
Não me julgues, não esperes que procure o teu ombro, nem abraços, deixa-me sofrer só, isto passa, tudo passa, e mais tarde pedir-te-ei desculpa pela minha atitude de agora. Se eu não conseguir explicar os meus porquês, tem um pouco de paciência comigo.
O meu coração dilacerado já não sabe bem se há de continuar a bater, a minha alma está espantada com as ideias que me atravessam a mente. São pensamentos negros, sombrios, tristes… de tal modo tristes que a própria tristeza chorou amargurada quando os descobriu.
Não sei… também não sei. Não sei nada, sei que pus um ponto final algures na minha vida, e que ninguém quis fazer dele reticências, então que seja um ponto final mesmo, que não haja com ele uma virgula a assinalar só uma pequena pausa, que não haja outro ponto por cima a indicar o início de uma qualquer descrição, ou de uma fala, que não haja um tracinho a marcar a exclamação ou interrogação, que não haja nada, e seja só um ponto final… parágrafo ou não, hajam frases escritas a seguir ou apenas uma grande folha em branco deixada por uma vida vazia de tudo, hajam rabiscos de uma caneta deixada a correr ao acaso, ou apenas a alvura de uma folha deixada assim por uma alma imatura que se cansou de estar só.
Perdoa-me, por ser incoerente, por estar assim e não me importar, por fugir de quem amo, e pior ainda, por fugir dos amigos, perdoa-me se deixar que os pensamentos negros tomem conta de mim.
Não me censures, não me odeies, eu faço isso sozinha, tem só um pouco de paciência, a resposta chegará em breve, e será tão definitiva como o ponto final e a lágrima que o seguiu.
quinta-feira, junho 16, 2005
Eugénio de Andrade
Os amantes sem dinheiro
Tinham o rosto aberto a quem passava.
Tinham lendas e mitos
e frio no coração.
Tinham jardins onde a lua passeava
de mãos dadas com a água
e um anjo de pedra por irmão.
Tinham como toda a gente
o milagre de cada dia
escorrendo pelos telhados;
e olhos de oiro
onde ardiam
os sonhos mais tresmalhados.
Tinham fome e sede como os bichos,
e silêncio
à roda dos seus passos.
Mas a cada gesto que faziam
um pássaro nascia dos seus dedos
e deslumbrado penetrava nos espaços.
(Eugénio de Andrade)
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Tinham o rosto aberto a quem passava.
Tinham lendas e mitos
e frio no coração.
Tinham jardins onde a lua passeava
de mãos dadas com a água
e um anjo de pedra por irmão.
Tinham como toda a gente
o milagre de cada dia
escorrendo pelos telhados;
e olhos de oiro
onde ardiam
os sonhos mais tresmalhados.
Tinham fome e sede como os bichos,
e silêncio
à roda dos seus passos.
Mas a cada gesto que faziam
um pássaro nascia dos seus dedos
e deslumbrado penetrava nos espaços.
(Eugénio de Andrade)
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Este é dos que conheço, o poema que mais adoro. Nem sei porquê...
Não, não foi um acidente, e a morte deste grande senhor não me passou despercebida... talvez o devesse ter feito no dia, mas acho que ele valia muito mais que uma homenagem no dia em que morreu, ele merece, e merecerá sempre uma homenagem quando bem nos apetecer, porque a sua alma é imortal.
Não, não foi um acidente, e a morte deste grande senhor não me passou despercebida... talvez o devesse ter feito no dia, mas acho que ele valia muito mais que uma homenagem no dia em que morreu, ele merece, e merecerá sempre uma homenagem quando bem nos apetecer, porque a sua alma é imortal.
quarta-feira, junho 15, 2005
Não faz mal
Se as palavras que tens para mim forem de censura, não as digas nem em silêncio. Se apenas tens críticas para me oferecer, guarda-as, porque eu encarrego-me das minhas próprias críticas. Se te juntas a mim apenas para me fazeres saber que não concordas comigo, então deixa-me só, porque tu estás no teu direito de não concordar, mas eu estou no direito de não me deixar magoar mais.
Tropecei, e caí. Parti a cabeça, e quando levei as mãos ao chão para atenuar a queda, esfolei-as todas, fiz sulcos profundos, e a dor da carne ferida reflectiu-se por todo o corpo. Bati também com os joelhos, e quando me quis levantar estes fraquejaram, e tive que me sentar no chão para recuperar. Foi desse chão que eu te escrevi. Não sei quanto tempo estive sentada, mas foi muito. Estou magoada, observo os meus braços repletos de escoriações, marcas de mãos que me tentaram agarrar ao longo do tempo, as minhas costas estão marcadas pelo chicote da minha própria consciência. O meu ventre está rasgado, marcado pelas minhas próprias mãos. Tenho sangue nas minhas unhas, o meu sangue misturado com o teu… Arranhei-te quando tentava impedir que me fugisses dos braços, e agarrei-me a mim mesma quando descobri que apenas abraçara um sonho. Contraí os dedos no meu ventre e puxei. A dor… qual dor, o meu coração estava muito mais magoado, e só hoje começo a sentir as restantes feridas a latejar. Sim, hoje é talvez um dia de festa, porque o meu coração deixou de doer.
Apoio uma mão no chão, e a dor atravessa-me de alto a baixo. Cerro os dentes, fecho os olhos, respiro fundo e… força! Levanto-me lentamente, ergo-me com dificuldade, tapo os ouvidos, não quero ouvir as gargalhadas de troça, também não quero ouvir dizer que fui avisada que a estrada tinha pedras e que eu não devia correr, não quero, não quero nada!
E é por isso, que se não tiveres para mim o carinho que preciso para sarar as minhas feridas, não faz mal, porque enquanto não me levantava, eu descobri como cuidar de mim sozinha.
Tropecei, e caí. Parti a cabeça, e quando levei as mãos ao chão para atenuar a queda, esfolei-as todas, fiz sulcos profundos, e a dor da carne ferida reflectiu-se por todo o corpo. Bati também com os joelhos, e quando me quis levantar estes fraquejaram, e tive que me sentar no chão para recuperar. Foi desse chão que eu te escrevi. Não sei quanto tempo estive sentada, mas foi muito. Estou magoada, observo os meus braços repletos de escoriações, marcas de mãos que me tentaram agarrar ao longo do tempo, as minhas costas estão marcadas pelo chicote da minha própria consciência. O meu ventre está rasgado, marcado pelas minhas próprias mãos. Tenho sangue nas minhas unhas, o meu sangue misturado com o teu… Arranhei-te quando tentava impedir que me fugisses dos braços, e agarrei-me a mim mesma quando descobri que apenas abraçara um sonho. Contraí os dedos no meu ventre e puxei. A dor… qual dor, o meu coração estava muito mais magoado, e só hoje começo a sentir as restantes feridas a latejar. Sim, hoje é talvez um dia de festa, porque o meu coração deixou de doer.
Apoio uma mão no chão, e a dor atravessa-me de alto a baixo. Cerro os dentes, fecho os olhos, respiro fundo e… força! Levanto-me lentamente, ergo-me com dificuldade, tapo os ouvidos, não quero ouvir as gargalhadas de troça, também não quero ouvir dizer que fui avisada que a estrada tinha pedras e que eu não devia correr, não quero, não quero nada!
E é por isso, que se não tiveres para mim o carinho que preciso para sarar as minhas feridas, não faz mal, porque enquanto não me levantava, eu descobri como cuidar de mim sozinha.
terça-feira, junho 14, 2005
Estou...
Estou... apenas estou.
Mas devia estar a estudar... e não estou.
Mas estou à mesma... só não estou a fazer o que devia fazer.
Escrevo o que devia fazer... e no entanto escrever não é o que eu devia fazer.
Mas no que eu devia fazer também escrevo... só não escrevo o que devia fazer, mas o que devia escrever.
Agora escrevo o que gosto de escrever, que é o que eu gosto de fazer, mas não devia... só não faço o que devia fazer, mas escrevo o que gosto de escrever.
Continuo a estar, a escrever o que gosto de escrever, e não o que devia escrever, e faço algo, apenas não o que devia fazer.
E no fim, nada faz sentido senão ser feliz... então escrevo! Não o que devo, mas o que quero, e não sobre o que quero, mas sobre o que devo, que já me deixa feliz.
Mas devia estar a estudar... e não estou.
Mas estou à mesma... só não estou a fazer o que devia fazer.
Escrevo o que devia fazer... e no entanto escrever não é o que eu devia fazer.
Mas no que eu devia fazer também escrevo... só não escrevo o que devia fazer, mas o que devia escrever.
Agora escrevo o que gosto de escrever, que é o que eu gosto de fazer, mas não devia... só não faço o que devia fazer, mas escrevo o que gosto de escrever.
Continuo a estar, a escrever o que gosto de escrever, e não o que devia escrever, e faço algo, apenas não o que devia fazer.
E no fim, nada faz sentido senão ser feliz... então escrevo! Não o que devo, mas o que quero, e não sobre o que quero, mas sobre o que devo, que já me deixa feliz.
Saiu assim. É da hora...
domingo, junho 12, 2005
Divagar devagar
É incrível a capacidade que as pessoas têm de se deixar abater por palavras ou gestos mal interpretados, também é incrível a capacidade que essas mesmas pessoas têm de recuperar de tudo num ápice, basta quererem, basta quererem muito.
Procuro com as minhas palavra apaziguar a minha dor, embora saiba que uma curta conversa contigo alivia mais que todas as palavras que eu possa ordenar numa folha de papel. Fazes-me rir como ninguém, dou gargalhadas sonoras com as tuas promessas de amor e champanhe na praia, os meus olhos iluminam-se só de saber que estás por perto, fico desapontada quando não respondes, oh meu pobre coração, que te fui eu fazer?
As pessoas sempre me olharam como forte, quase insensível a essas lamechices, era essa a imagem que eu sempre quis passar, de destemida e independente, hoje não sei como lidar com isso… gostava que no meio da normalidade que tento mostrar as pessoas mais chegadas conseguissem perceber o que se passa, que vissem aqueles detalhes que fazem a diferença, o meu olhar distante, as respostas curtas, aquele esforço extra para não me esquecer de nada…
Não procuro pena, não é isso, procuro compreensão, um conselho válido, colo de mãe, um abraço apertado.
Sinto o futuro escorregar-me por baixo dos pés, e feita estupidificada assisto a isso impávida e serena, a paz voltou, quero lá saber do futuro, quero lá saber do passado, que se dane o presente, quero esse sonho beija-flor, o sonho em que eu virei flor, e que fomos os dois para a praia beber champanhe e fazer amor…
Ainda me lembro desse sonho, em câmara lenta, como um filme, eu abraçada a mim mesma, com os pés dentro de água, a caminhar devagar, à espera que o mar me chamasse, e depois surgiste tu, fugaz, silencioso, meigo… deste-me um beijo beija-flor, e bebericamos o champanhe, e levaste-me para longe do mar, para que ele não me chamasse nunca mais, estavas com o medo espelhado no rosto, medo de me perderes, beijaste-me novamente, pediste-me que ficasse, para sempre, pediste-me que deixasse de ser flor para ser árvore, forte, que tu passarias a ser um ninho aconchegado no abraço dos meus ramos, e que morreríamos juntos, para sempre juntos. Depois foste-me descobrindo lentamente, e as nossas almas voaram juntas com a brisa, e dançaram beija-flor, dançaram como nunca eu tinha visto, e eu e tu passamos a ser nós, dois corpos unidos pela alma, pela praia, pelo sabor suave do champanhe, e o cheiro a maresia, unidos por aquele mesmo desejo… foi só um sonho beija-flor.
Tu não és um beija-flor, e eu não sou uma margarida, não há praia, nem champanhe, nem cheiro a maresia, não há almas a dançarem a valsa, sou apenas eu, eterna sonhadora, à espera que o mar me chame, ou que tu chegues…
Procuro com as minhas palavra apaziguar a minha dor, embora saiba que uma curta conversa contigo alivia mais que todas as palavras que eu possa ordenar numa folha de papel. Fazes-me rir como ninguém, dou gargalhadas sonoras com as tuas promessas de amor e champanhe na praia, os meus olhos iluminam-se só de saber que estás por perto, fico desapontada quando não respondes, oh meu pobre coração, que te fui eu fazer?
As pessoas sempre me olharam como forte, quase insensível a essas lamechices, era essa a imagem que eu sempre quis passar, de destemida e independente, hoje não sei como lidar com isso… gostava que no meio da normalidade que tento mostrar as pessoas mais chegadas conseguissem perceber o que se passa, que vissem aqueles detalhes que fazem a diferença, o meu olhar distante, as respostas curtas, aquele esforço extra para não me esquecer de nada…
Não procuro pena, não é isso, procuro compreensão, um conselho válido, colo de mãe, um abraço apertado.
Sinto o futuro escorregar-me por baixo dos pés, e feita estupidificada assisto a isso impávida e serena, a paz voltou, quero lá saber do futuro, quero lá saber do passado, que se dane o presente, quero esse sonho beija-flor, o sonho em que eu virei flor, e que fomos os dois para a praia beber champanhe e fazer amor…
Ainda me lembro desse sonho, em câmara lenta, como um filme, eu abraçada a mim mesma, com os pés dentro de água, a caminhar devagar, à espera que o mar me chamasse, e depois surgiste tu, fugaz, silencioso, meigo… deste-me um beijo beija-flor, e bebericamos o champanhe, e levaste-me para longe do mar, para que ele não me chamasse nunca mais, estavas com o medo espelhado no rosto, medo de me perderes, beijaste-me novamente, pediste-me que ficasse, para sempre, pediste-me que deixasse de ser flor para ser árvore, forte, que tu passarias a ser um ninho aconchegado no abraço dos meus ramos, e que morreríamos juntos, para sempre juntos. Depois foste-me descobrindo lentamente, e as nossas almas voaram juntas com a brisa, e dançaram beija-flor, dançaram como nunca eu tinha visto, e eu e tu passamos a ser nós, dois corpos unidos pela alma, pela praia, pelo sabor suave do champanhe, e o cheiro a maresia, unidos por aquele mesmo desejo… foi só um sonho beija-flor.
Tu não és um beija-flor, e eu não sou uma margarida, não há praia, nem champanhe, nem cheiro a maresia, não há almas a dançarem a valsa, sou apenas eu, eterna sonhadora, à espera que o mar me chame, ou que tu chegues…
sábado, junho 11, 2005
Histórias em tons de amarelo
Lá fora a noite está cerrada. Mandei calar os grilos para ouvir o que o silêncio gelado me conta.
Shhh… agora sim, silêncio absoluto. Na escuridão vislumbram-se algumas estrelas por entre as nuvens sonolentas, e o silêncio começa a contar histórias, na sua voz pausada e melódica.
Abro a janela para ouvir melhor, e delicio-me com as histórias fantásticas de lugares longínquos. Hoje trouxe-me histórias em tons de amarelo, lá da terra dos sultões, e das princesas e dos haréns. Contou-me as histórias das mil e uma noites, e descreveu-as tão bem, que eu quase sentia aquele cheiro no ar, cheiro a perfumes exóticos, a incensos místicos.
Às tantas, um espirro, e o silêncio foi-se embora. Os grilos voltaram ao seu frenesim de vozinhas esganiçadas, e as nuvens acordaram estremunhadas.
Apoiei os cotovelos no parapeito da janela, a cabeça sobre as mãos, e perguntei-me se mais alguém estaria agora a olhar aquele céu, e se o silêncio também lhe contava histórias de lugares distantes.
Shhh… agora sim, silêncio absoluto. Na escuridão vislumbram-se algumas estrelas por entre as nuvens sonolentas, e o silêncio começa a contar histórias, na sua voz pausada e melódica.
Abro a janela para ouvir melhor, e delicio-me com as histórias fantásticas de lugares longínquos. Hoje trouxe-me histórias em tons de amarelo, lá da terra dos sultões, e das princesas e dos haréns. Contou-me as histórias das mil e uma noites, e descreveu-as tão bem, que eu quase sentia aquele cheiro no ar, cheiro a perfumes exóticos, a incensos místicos.
Às tantas, um espirro, e o silêncio foi-se embora. Os grilos voltaram ao seu frenesim de vozinhas esganiçadas, e as nuvens acordaram estremunhadas.
Apoiei os cotovelos no parapeito da janela, a cabeça sobre as mãos, e perguntei-me se mais alguém estaria agora a olhar aquele céu, e se o silêncio também lhe contava histórias de lugares distantes.
:) escrito às 3 da manhã, depois de uma sessão intensiva de estudo de psicologia... podia-me ter dado para pior. ;)
sexta-feira, junho 10, 2005
Desafio
1) Total de livros que eu possuo?
Meus? poucos... talvez perto de 80... nunca os contei. mas a biblioteca doméstica deve ter mais de 700...
2) Último livro que eu comprei?"
=) O diário da nossa paixão - Nicholas Sparks
3) Último livro que eu li?"
Cem Anos de Solidão - Gabriel Garcia Marquez
4) Cinco livros que significam muito para mim?"
O Vento e a Lua - Rita Ferro
Visto do céu - Alice Sebold
O último cais - Helena Marques
O principezinho - Antoine de Saint Exupery
Orgulho e Preconceito - Jane Austen
5) Sugira cinco pessoas para preencher este formulário.
Teóricamente teria que nomear 5 pessoas para responderem isto... mas sou do contra!!!
Quem quiser, e tiver paciência que deixe um comentário com a resposta ;)
Um beijo
Drops
Meus? poucos... talvez perto de 80... nunca os contei. mas a biblioteca doméstica deve ter mais de 700...
2) Último livro que eu comprei?"
=) O diário da nossa paixão - Nicholas Sparks
3) Último livro que eu li?"
Cem Anos de Solidão - Gabriel Garcia Marquez
4) Cinco livros que significam muito para mim?"
O Vento e a Lua - Rita Ferro
Visto do céu - Alice Sebold
O último cais - Helena Marques
O principezinho - Antoine de Saint Exupery
Orgulho e Preconceito - Jane Austen
5) Sugira cinco pessoas para preencher este formulário.
Teóricamente teria que nomear 5 pessoas para responderem isto... mas sou do contra!!!
Quem quiser, e tiver paciência que deixe um comentário com a resposta ;)
Um beijo
Drops
quinta-feira, junho 09, 2005
Sou cobarde
Se eu morresse, virias ao meu funeral?
Se eu perdesse a coragem de continuar a esperar por ti, choravas a minha partida?
Se num acto de cobardia eu ceifasse a minha própria vida, pela ausência de um sol que me guie, perdoar-me-ias?
Sinto que já morri há muito tempo, já cheguei a duvidar de algum dia ter nascido… Preciso de ter a certeza de que irias estar lá, em pensamento talvez, que irias sentir a falta do meu sorriso, do meu ombro… que ias sentir falta de me abraçares quando tremo com o frio, preciso de saber que ias rir quando te lembrasses das minhas dissertações sobre o mar a cantar para mim, e que a seguir ias chorar, porque nunca mais te iria dizer que canção era essa que só eu conseguia ouvir.
“Para ti, todos os beijos do Universo…” disseste-me isso, mas não mos chegaste a entregar, preciso deles também.
Procuro desesperada algo que ainda me prenda à vida, e se não fores tu, quem será?
Sei o que é correcto fazer, sei que podia, e talvez devesse, procurar carinho num outro alguém, não compreendo esta minha insistência, não sei como me poderias amar, se eu mesma não sei se me amo ou não. Às vezes acho que sim, que tenho algumas boas qualidades que fazem tudo o resto valer a pena, hoje não sei… esta cobardia, a incerteza.
Preciso que leias o que escrevo, mas não tenho coragem de to mostrar, não tenho coragem de to dizer, não tenho coragem... sou cobarde meu amor, apenas isso.
Se eu perdesse a coragem de continuar a esperar por ti, choravas a minha partida?
Se num acto de cobardia eu ceifasse a minha própria vida, pela ausência de um sol que me guie, perdoar-me-ias?
Sinto que já morri há muito tempo, já cheguei a duvidar de algum dia ter nascido… Preciso de ter a certeza de que irias estar lá, em pensamento talvez, que irias sentir a falta do meu sorriso, do meu ombro… que ias sentir falta de me abraçares quando tremo com o frio, preciso de saber que ias rir quando te lembrasses das minhas dissertações sobre o mar a cantar para mim, e que a seguir ias chorar, porque nunca mais te iria dizer que canção era essa que só eu conseguia ouvir.
“Para ti, todos os beijos do Universo…” disseste-me isso, mas não mos chegaste a entregar, preciso deles também.
Procuro desesperada algo que ainda me prenda à vida, e se não fores tu, quem será?
Sei o que é correcto fazer, sei que podia, e talvez devesse, procurar carinho num outro alguém, não compreendo esta minha insistência, não sei como me poderias amar, se eu mesma não sei se me amo ou não. Às vezes acho que sim, que tenho algumas boas qualidades que fazem tudo o resto valer a pena, hoje não sei… esta cobardia, a incerteza.
Preciso que leias o que escrevo, mas não tenho coragem de to mostrar, não tenho coragem de to dizer, não tenho coragem... sou cobarde meu amor, apenas isso.
quarta-feira, junho 08, 2005
Saudades Ao Vento
Guardei as saudades numa caixa forte em ponto pequeno, não era maior que o meu coração. Eu já as tinha guardado há tanto tempo, e as saudades eram tantas que foram abrindo frestas na minha caixinha…que pelos vistos não era assim tão forte.
Primeiro foi só uma nostalgia, o olhar que se embaciou um pouco, o passo que ficou mais lento. Depois vieram as memórias que já não procurava há anos… a cabeça foi baixando a pouco e pouco, e o olhar passava a fitar o chão… seguiu-se a saudade mesmo, que rebentou a porta da caixinha, porque era tão grande que não passava pelas frestas. E foi então que o que eu havia construído em tanto tempo foi destruído num ápice… o coração apertou-se, as lágrimas escorreram, primeiro tímidas, depois em rios intermináveis, os pensamentos pintaram-se de preto e branco, os olhos prenderam-se às pedras da calçada, os braços apertaram-me num abraço singular. À falta de um abraço a sério, este vai ter que servir…
Oh saudade, porque tentei eu prender-te à força? Porquê?
Sentei-me no chão do meu desespero e fui soluçando as saudades uma por uma, fui-as olhando, beijando cada recordação com carinho, e soprava-as de seguida para o vento da minha esperança… a esperança de que um dia fique só a nostalgia, e que as saudades se desvaneçam…
Primeiro foi só uma nostalgia, o olhar que se embaciou um pouco, o passo que ficou mais lento. Depois vieram as memórias que já não procurava há anos… a cabeça foi baixando a pouco e pouco, e o olhar passava a fitar o chão… seguiu-se a saudade mesmo, que rebentou a porta da caixinha, porque era tão grande que não passava pelas frestas. E foi então que o que eu havia construído em tanto tempo foi destruído num ápice… o coração apertou-se, as lágrimas escorreram, primeiro tímidas, depois em rios intermináveis, os pensamentos pintaram-se de preto e branco, os olhos prenderam-se às pedras da calçada, os braços apertaram-me num abraço singular. À falta de um abraço a sério, este vai ter que servir…
Oh saudade, porque tentei eu prender-te à força? Porquê?
Sentei-me no chão do meu desespero e fui soluçando as saudades uma por uma, fui-as olhando, beijando cada recordação com carinho, e soprava-as de seguida para o vento da minha esperança… a esperança de que um dia fique só a nostalgia, e que as saudades se desvaneçam…
segunda-feira, junho 06, 2005
...
Todos sabemos que um dia havemos de morrer. Alguns desejam que a morte venha mais cedo, outros querem viver o máximo possível na companhia dos que amam.
Mas com 17 anos não se morre, vive-se, ama-se, fala-se e ouve-se música, sai-se à noite e apanham-se bebedeiras de que os pais não desconfiam, é-se feliz com quase nada, e insatisfeito com tudo o resto... mas não se morre.
Patrícia, vieste, amaste e foste amada... mas partiste cedo demais.
Mas com 17 anos não se morre, vive-se, ama-se, fala-se e ouve-se música, sai-se à noite e apanham-se bebedeiras de que os pais não desconfiam, é-se feliz com quase nada, e insatisfeito com tudo o resto... mas não se morre.
Patrícia, vieste, amaste e foste amada... mas partiste cedo demais.
«O Sol esteve lá o dia todo, acariciou a tua despedida com um brilho nunca visto. E mesmo cansado fez um esforço para te dar um último sorriso, o seu melhor sorriso.
Mas nem o Sol aguentou, sabes? Quando saíste da igreja, e foste envolta nas flores do último adeus de tanta gente, ele escondeu-se atrás das nuvens cinzentas. Se calhar estava só a esfregar os olhos, como todos nós, para quando os abrisse descobrir que estivera a sonhar… se calhar escondeu-se com medo de começar a chorar, como nós chorámos… se calhar ele desejava por este dia, só por este dia, poder ser Lua só para não ter de se despedir de ti, como nós nos despedimos.
Mas não foi cobarde o Sol, sabes? Não foi, nem ninguém nunca o irá acusar disso. Porque ele brilhou por ti e para ti o dia inteiro. Só não foi capaz de te dizer adeus, como eu não fui. E por isso dissemos-te apenas
“Até breve!”»
Mas nem o Sol aguentou, sabes? Quando saíste da igreja, e foste envolta nas flores do último adeus de tanta gente, ele escondeu-se atrás das nuvens cinzentas. Se calhar estava só a esfregar os olhos, como todos nós, para quando os abrisse descobrir que estivera a sonhar… se calhar escondeu-se com medo de começar a chorar, como nós chorámos… se calhar ele desejava por este dia, só por este dia, poder ser Lua só para não ter de se despedir de ti, como nós nos despedimos.
Mas não foi cobarde o Sol, sabes? Não foi, nem ninguém nunca o irá acusar disso. Porque ele brilhou por ti e para ti o dia inteiro. Só não foi capaz de te dizer adeus, como eu não fui. E por isso dissemos-te apenas
“Até breve!”»
... e depois disto, só mesmo o silêncio de não saber o que dizer.
domingo, junho 05, 2005
Sempre
Não oiço nada à minha volta, não vejo a cara dos que me rodeiam, oiço o bater do meu coração mais forte, uma ansiedade atroz, a impaciência, quero escrever, mas as palavras não flúem como dantes, a distância, a ausência, o cansaço de noites longas num frenesim de pensamentos disconexos que perturbam o sono e assustam a alma.
Grito ao vento, mas o vento não volta, não trás as noticias que lhe pedi, não aplaca a minha sede de ti.
A Saudade diminui, o amor transforma-se, mas um pedacinho de ti permanece, sempre, impedindo o esquecimento de entrar…
Grito ao vento, mas o vento não volta, não trás as noticias que lhe pedi, não aplaca a minha sede de ti.
A Saudade diminui, o amor transforma-se, mas um pedacinho de ti permanece, sempre, impedindo o esquecimento de entrar…
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